São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Israel retira tropas de Gaza após a ação que matou 116

Rice chega hoje ao país; EUA pressionaram para que os israelenses recuassem

Grupo islâmico Hamas vê no recuo de Israel uma vitória militar; premiê israelense se prepara para nova operação contra extremistas de Gaza

Musa Al-Shaer/France Presse
Manifestante palestino pula sobre embalagem de gás lacrimogêneo durante novo protesto contra Israel em Belém, na Cisjordânia


DA REDAÇÃO

Israel retirou na madrugada de ontem contingentes terrestres que na sexta-feira haviam penetrado na faixa de Gaza, pondo fim a uma ofensiva contra o grupo islâmico Hamas que deixou 116 mortos, segundo informantes israelenses, ou 110, de acordo com a ANP (Autoridade Nacional Palestina).
A Associated Press diz que o governo israelense recuou em razão de pressões dos Estados Unidos. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, chegou ontem à noite ao Egito e se reunirá hoje, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. Ela estará amanhã, em Ramallah, com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Rice chega ao Oriente Médio num mau momento para pressionar Abbas e Olmert a darem novos passos na direção de um projeto de paz, esboçado em novembro durante a conferência de Annapolis (EUA).

Negociações bloqueadas
Olmert disse ontem em reunião de seu partido, o Kadima, que pretendia prosseguir negociando com Abbas. Disse também que em Gaza o Exército israelense prosseguiria na tarefa "dolorosa" de bloquear o terrorismo do Hamas.
Mas Abbas se mantém por enquanto irredutível. Ele havia anunciado domingo a interrupção das negociações com Israel, em protesto contra a ofensiva israelense em Gaza. Um de seus porta-vozes confirmou que os contatos estavam interrompidos, apesar da proximidade da chegada de Condoleezza Rice.
Abbas não exerce nenhum poder sobre Gaza, tomada militarmente em junho último pelo Hamas, que lhe é hostil. Mesmo assim, os cinco dias de ataques israelenses ao território levaram o presidente palestino a se comportar como se sua autoridade não estivesse circunscrita apenas à Cisjordânia.
Ainda ontem ele determinou que US$ 5 milhões fossem destinados às vítimas civis das operações israelenses. Seu primeiro-ministro, Salam Fayyad, canalizará o dinheiro por meio de entidades internacionais.
Tecnicamente não há ainda uma trégua, mesmo oficiosa, entre Israel e o grupo islâmico. Ao deixar Jebaliya, cidade de que ocupou a partir de sexta-feira, as forças israelenses bombardearam o que disseram ser depósitos e oficinas que fabricam foguetes artesanais.
Horas depois militantes do Hamas disparavam na direção de Israel três novos mísseis, atingindo com um deles um prédio de apartamentos de Ashkelon, cidade de 120 mil habitantes, ao norte de Gaza.
O Hamas interpretou a retirada das forças terrestres israelenses como uma vitória militar e convocou um ato público comemorativo, ao qual compareceram 20 mil pessoas. Um dos dirigentes do grupo islâmico, Mahmoud Zahar, afirmou em discurso que "vamos reagir quando cada polegada de nosso território for invadido".

Helicóptero no nevoeiro
Em meio a uma agenda repleta de iniciativas militares e intenções diplomáticas, o fato relativamente insólito na região ocorreu com um helicóptero egípcio, que se perdeu num nevoeiro e se viu sobrevoando Gaza, onde militantes abriram fogo por confundi-lo com um aparelho israelense.
Duas aeronaves de Israel saíram em socorro do helicóptero perdido e o escoltaram até a fronteira egípcia.


Com agências internacionais


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