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ONU aprova novas sanções contra o Irã
AIEA reuniu um dossiê com indícios de que o país islâmico se empenha na produção da bomba atômica
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU aprovou ontem um terceiro pacote de sanções contra
o Irã, em razão de sua recusa de
interromper o enriquecimento
de urânio. Segundo o "New
York Times", a AIEA (Agência
Internacional de Energia Atômica) obteve fortes indícios de
que o país prosseguia esforços
para a produção da bomba.
A resolução foi votada pela
Rússia e China, dois membros
permanentes do conselho que
em geral resistem a medidas
punitivas que possam isolar o
regime iraniano. O resultado da
votação foi de 14 a 0, com uma
única abstenção, a da Indonésia -de menor peso diplomático, por não ser membro permanente, com direito a veto.
As sanções, divididas em sete
tópicos, incluem o cancelamento dos vistos de altos funcionários iranianos envolvidos
no programa nuclear, o congelamento de ativos de um grupo
maior de cidadãos e empresas
no exterior, o monitoramento
de operações bancárias e a inspeção de mercadorias.
O primeiro pacote de sanções, em dezembro de 2006,
barrou o fornecimento ao Irã
de tecnologia nuclear e congelou os bens de dez empresas e
doze indivíduos ligados àquela
área. Em março do ano passado
novo pacote proibiu que terceiros importem armas iranianas.
O embaixador do Irã na
ONU, Mohammad Khazee,
afirmou que seu governo não se
curvaria às "ações ilegais" tomadas contra "um programa
nuclear pacífico".
Os cidadãos que tiveram seus
bens no exterior congelados e
aos quais não se concederão
vistos são todos técnicos, excetuado o general Mohammad
Reza Maqdi, da Guarda Revolucionária e com carreira em departamentos das Forças Armadas supostamente engajados
no programa nuclear.
A França e o Reino Unido,
que patrocinaram o projeto de
resolução, procuraram entre
sábado e ontem convencer
membros não-permanentes
ainda hesitantes, como a Líbia,
a África do Sul e o Vietnã.
Após a votação, ministros do
Exterior da Alemanha e dos
cinco membros permanentes
(EUA, França, Reino Unido,
Rússia e China) divulgaram nota em que sublinham terem dado "um incisivo recado" ao Irã,
que exprime preocupações
"com os riscos de proliferação
de seu programa nuclear".
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado
cumprimentou o Conselho de
Segurança por uma decisão que
"reconhece a ameaça constante
do programa nuclear iraniano".
As novas sanções foram negociadas com dificuldades, em
razão de documento dos serviços de inteligência dos Estados
Unidos que em dezembro afirmava que o Irã havia interrompido em 2003 as pesquisas para
obter a bomba.
Dossiê comprometedor
Segundo o "New York Times", há uma semana o diretor-geral da AIEA, Mohamed
El Baradei, reuniu uma dezena
de embaixadores na sede daquela agência da ONU, em Viena, para exibir plantas, vídeos e
documentos obtidos por serviços de inteligência.
Um dos técnicos da agência
afirmou que o dossiê indicava
"sem a menor dúvida" o registro de um processo para a obtenção da arma atômica.
O embaixador iraniano na
AIEA, Ali Asthar Soltanieh,
acusou o dossiê de ser "forjado"
e disse aos gritos que a agência
estava tomando "um caminho
muito perigoso".
Ontem, em Viena, diz a Reuters, El Baradei contestou declaração do embaixador do Irã,
segundo a qual seu governo já
havia remetido uma documentação completa para provar as
suas intenções pacíficas.
"Eu exorto o Irã a cooperar
ativamente com a agência no
esclarecimento dessas questões que despertam profunda
preocupação", disse.
Com agências internacionais
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