São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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ONU aprova novas sanções contra o Irã

AIEA reuniu um dossiê com indícios de que o país islâmico se empenha na produção da bomba atômica

DA REDAÇÃO

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem um terceiro pacote de sanções contra o Irã, em razão de sua recusa de interromper o enriquecimento de urânio. Segundo o "New York Times", a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) obteve fortes indícios de que o país prosseguia esforços para a produção da bomba.
A resolução foi votada pela Rússia e China, dois membros permanentes do conselho que em geral resistem a medidas punitivas que possam isolar o regime iraniano. O resultado da votação foi de 14 a 0, com uma única abstenção, a da Indonésia -de menor peso diplomático, por não ser membro permanente, com direito a veto.
As sanções, divididas em sete tópicos, incluem o cancelamento dos vistos de altos funcionários iranianos envolvidos no programa nuclear, o congelamento de ativos de um grupo maior de cidadãos e empresas no exterior, o monitoramento de operações bancárias e a inspeção de mercadorias.
O primeiro pacote de sanções, em dezembro de 2006, barrou o fornecimento ao Irã de tecnologia nuclear e congelou os bens de dez empresas e doze indivíduos ligados àquela área. Em março do ano passado novo pacote proibiu que terceiros importem armas iranianas.
O embaixador do Irã na ONU, Mohammad Khazee, afirmou que seu governo não se curvaria às "ações ilegais" tomadas contra "um programa nuclear pacífico".
Os cidadãos que tiveram seus bens no exterior congelados e aos quais não se concederão vistos são todos técnicos, excetuado o general Mohammad Reza Maqdi, da Guarda Revolucionária e com carreira em departamentos das Forças Armadas supostamente engajados no programa nuclear.
A França e o Reino Unido, que patrocinaram o projeto de resolução, procuraram entre sábado e ontem convencer membros não-permanentes ainda hesitantes, como a Líbia, a África do Sul e o Vietnã.
Após a votação, ministros do Exterior da Alemanha e dos cinco membros permanentes (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) divulgaram nota em que sublinham terem dado "um incisivo recado" ao Irã, que exprime preocupações "com os riscos de proliferação de seu programa nuclear".
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado cumprimentou o Conselho de Segurança por uma decisão que "reconhece a ameaça constante do programa nuclear iraniano".
As novas sanções foram negociadas com dificuldades, em razão de documento dos serviços de inteligência dos Estados Unidos que em dezembro afirmava que o Irã havia interrompido em 2003 as pesquisas para obter a bomba.

Dossiê comprometedor
Segundo o "New York Times", há uma semana o diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, reuniu uma dezena de embaixadores na sede daquela agência da ONU, em Viena, para exibir plantas, vídeos e documentos obtidos por serviços de inteligência.
Um dos técnicos da agência afirmou que o dossiê indicava "sem a menor dúvida" o registro de um processo para a obtenção da arma atômica.
O embaixador iraniano na AIEA, Ali Asthar Soltanieh, acusou o dossiê de ser "forjado" e disse aos gritos que a agência estava tomando "um caminho muito perigoso".
Ontem, em Viena, diz a Reuters, El Baradei contestou declaração do embaixador do Irã, segundo a qual seu governo já havia remetido uma documentação completa para provar as suas intenções pacíficas.
"Eu exorto o Irã a cooperar ativamente com a agência no esclarecimento dessas questões que despertam profunda preocupação", disse.


Com agências internacionais


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