São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Secretário culpa a CIA por dados frágeis

Provas de armas químicas no Iraque não eram "tão sólidas", diz Powell

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, reconheceu que a parte "mais dramática" do discurso que fez na ONU em 2003 para defender a invasão do Iraque foi baseada em informações frágeis do serviço de inteligência. As declarações, a mais direta admissão de erro da gestão George W. Bush até agora, foram feitas na madrugada de ontem a jornalistas que o acompanhavam no vôo de retorno após reunião da Otan na Bélgica.
"Parece agora que não era o caso de que [as evidências] fossem tão sólidas. Mas na época em que estava preparando o discurso elas foram apresentadas a mim como sólidas", afirmou Powell.
"Eram as mais dramáticas [evidências] e procurei garantir que fossem atestadas por várias fontes", disse o secretário de Estado sobre o que seriam as provas da existência de laboratórios móveis de produção de armas químicas.
Powell tem sido questionado sobre seu discurso na ONU desde a queda do regime ditatorial de Saddam Hussein no ano passado. Em sua apresentação perante o Conselho de Segurança, ele mostrou fotos tiradas a partir de satélites e transcrições de conversas interceptadas para comprovar que o Iraque escondia laboratórios móveis para fazer armas.
O secretário de Estado também disse esperar que a comissão que investiga as informações fornecidas pelos serviços de inteligência sobre o suposto arsenal exponha por que a CIA (o serviço secreto dos EUA) recorreu a fontes não confiáveis. "Agora, se as fontes eram inconsistentes, então precisamos descobrir por que nos colocamos nessa posição."
No dia 5 de fevereiro do ano passado, num discurso de 80 minutos preparado para convencer os outros países do Conselho de Segurança da necessidade de uma ação militar contra Saddam, Powell disse que a ONU não podia se eximir de desarmar o Iraque.
"Saddam não parará diante de nada até que algo o detenha", disse o secretário à época, acrescentando que Saddam havia autorizado seus comandantes a usarem armas de destruição em massa em caso de ataque dos EUA. "O que estamos oferecendo a vocês são fatos e conclusões baseadas em sólidas informações de inteligência", concluiu.


Com agências internacionais e o jornal "The New York Times"


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