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ÁFRICA
Charles Taylor, que orquestrou guerra civil na vizinha Serra Leoa, diz a tribunal da ONU que não praticou atrocidades
Ex-ditador da Libéria se declara inocente
DA REDAÇÃO
Charles Taylor, 58, ex-ditador
da Libéria, declarou-se ontem
inocente das acusações de crimes
de guerra, ao comparecer pela
primeira vez ao tribunal especial
das Nações Unidas instituído para julgar as atrocidades cometidas
em Serra Leoa, país vizinho do litoral atlântico da África.
Deposto em 2003, Taylor estava
exilado na Nigéria, de onde procurou fugir ao saber que seria expatriado para julgamento.
Ele foi preso na semana passada, perto da fronteira entre Nigéria e Camarões, e transferido para
a capital liberiana, Freetown.
Pesam sobre ele acusações de
estar por trás dos momentos mais
cruéis da guerra civil de Serra
Leoa, que durou de 1991 a 2002.
Taylor controlava militarmente
seu país desde 1989. Elegeu-se
presidente em 1997 e foi deposto
em 2003. Ele é acusado, entre outras práticas, de haver determinado a amputação de pernas e braços de leoneses que resistiam a
seu plano de controlar o país vizinho, onde apoiava com combatentes, dinheiro e material militar
os rebeldes da cognominada
Frente Unida Revolucionária. O
comandante rebelde Foday Sankoh estava sob suas ordens.
Um forte esquema de segurança
foi montado para que o ex-ditador fosse recebido ontem pelo tribunal. Vestindo um terno preto e
gravata vermelha, e exprimindo-se num inglês impecável, ele de
início negou ao tribunal competência para julgá-lo. Depois de ouvir calado as 11 acusações que
pensam contra ele, afirmou: "Em
definitivo eu jamais teria cometido tais atos contra a república irmã de Serra Leoa".
Nos minutos seguintes foi
transportado de volta à cela de segurança máxima em que está preso desde a semana passada, nas
dependências daquela corte.
O julgamento será possivelmente transferido, por resolução
do Conselho de Segurança da
ONU, para Haia, na Holanda.
Taylor preserva bons contatos na
região, e funcionários da ONU
acreditam que o risco de fuga só
deixaria de existir na Holanda.
O chefe da Promotoria descreve
o ex-ditador como "um dos três
maiores criminosos de guerra
ainda vivos", ao lado de dois sérvios, Ratko Mladic e Radovan Karadzic, ainda foragidos.
Entre as acusações que pesam
contra ele estão assassinato, estupro, escravidão sexual, violência
física e tratamento cruel, recrutamento militar de crianças e terror
contra a população civil.
Deposto por pressão dos Estados Unidos -que têm vínculos
históricos muito fortes com a Libéria, país formado basicamente
por ex-escravos americanos que
voltaram para a África-, Taylor
permaneceu desaparecido antes
de seu asilo nigeriano.
Na época o Congresso americano aprovou lei que fixava em US$
2 milhões o prêmio pela captura
do ditador. Ele também estava na
lista dos capturáveis da Interpol.
Com agências internacionais
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