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Casal perde e tem casa demolida na China
Sobrado, que virou símbolo da lei da propriedade privada, resistiu por três anos a "remodelação" urbana
DA REDAÇÃO
A batalha de um casal chinês
para impedir que seu sobrado
fosse destruído devido a um
dos muitos projetos de "reestruturação" urbana promovidos pela China chegou ao fim
após quase três anos.
Na noite de anteontem, a casa -a única que ainda restava
entre as 280 antigamente construídas naquela parte da região
central da cidade de Chongqing
(sudeste)- foi demolida. Ela
estava isolada, em uma ilha de
terra cercada por um enorme
canteiro de obras.
Os proprietários impediam a
demolição desde que receberam a notificação, em 2004, de
que sua casa deveria dar lugar a
novas construções. Uma pequena multidão e repórteres
assistiram ao trabalho das escavadeiras, que durou três horas.
Wu Ping e Yang Wu, os proprietários, não foram vistos.
No lugar do sobrado -onde
também funcionava o restaurante do casal- serão construídos um shopping e um supermercado, entre outras coisas.
A luta do casal contra a demolição da casa mobilizou os
chineses e acentuou o debate
sobre uma lei que protege a
propriedade privada, aprovada
pelo Parlamento chinês no mês
passado. "Este não é um caso
individual, ele diz respeito ao
direito de todos os chineses que
tiveram suas casas demolidas.
Vocês são os heróis do povo",
dizia uma declaração escrita no
site de um jornal do país.
A agência de notícias oficial
Xinhua afirmou que o casal
concordou em mudar-se para
um apartamento similar ao demolido. Em entrevista na semana passada, Wu havia dito
que recebeu a oferta de dois
apartamentos em andares altos
-o que recusou, pois queria um
apartamento no térreo para
que pudesse instalar o seu restaurante, no mesmo lugar onde
a casa estava localizada.
Disputas envolvendo propriedades privadas -que, segundo a legislação anterior para áreas urbanas, eram na verdade arrendadas por até 70
anos- e a expropriação de terras para empreendimentos industriais e imobiliários vêm aumentando no país asiático, cuja
economia cresce na casa dos
dois dígitos. O governo geralmente apóia as construtoras, o
que tem provocado protestos.
Com agências internacionais
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