São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2007

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Casal perde e tem casa demolida na China

Sobrado, que virou símbolo da lei da propriedade privada, resistiu por três anos a "remodelação" urbana

DA REDAÇÃO

A batalha de um casal chinês para impedir que seu sobrado fosse destruído devido a um dos muitos projetos de "reestruturação" urbana promovidos pela China chegou ao fim após quase três anos.
Na noite de anteontem, a casa -a única que ainda restava entre as 280 antigamente construídas naquela parte da região central da cidade de Chongqing (sudeste)- foi demolida. Ela estava isolada, em uma ilha de terra cercada por um enorme canteiro de obras.
Os proprietários impediam a demolição desde que receberam a notificação, em 2004, de que sua casa deveria dar lugar a novas construções. Uma pequena multidão e repórteres assistiram ao trabalho das escavadeiras, que durou três horas. Wu Ping e Yang Wu, os proprietários, não foram vistos.
No lugar do sobrado -onde também funcionava o restaurante do casal- serão construídos um shopping e um supermercado, entre outras coisas.
A luta do casal contra a demolição da casa mobilizou os chineses e acentuou o debate sobre uma lei que protege a propriedade privada, aprovada pelo Parlamento chinês no mês passado. "Este não é um caso individual, ele diz respeito ao direito de todos os chineses que tiveram suas casas demolidas. Vocês são os heróis do povo", dizia uma declaração escrita no site de um jornal do país.
A agência de notícias oficial Xinhua afirmou que o casal concordou em mudar-se para um apartamento similar ao demolido. Em entrevista na semana passada, Wu havia dito que recebeu a oferta de dois apartamentos em andares altos -o que recusou, pois queria um apartamento no térreo para que pudesse instalar o seu restaurante, no mesmo lugar onde a casa estava localizada.
Disputas envolvendo propriedades privadas -que, segundo a legislação anterior para áreas urbanas, eram na verdade arrendadas por até 70 anos- e a expropriação de terras para empreendimentos industriais e imobiliários vêm aumentando no país asiático, cuja economia cresce na casa dos dois dígitos. O governo geralmente apóia as construtoras, o que tem provocado protestos.


Com agências internacionais


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