São Paulo, sábado, 04 de abril de 2009

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Sequestrador mata 13 em centro para imigrantes nos EUA

Motivação é incógnita; atirador, de provável ascendência vietnamita, se matou durante cerco ao prédio pela polícia

Armas foram compradas legalmente; deputado local afirma que suspeito fora demitido da IBM; centro dava apoio a expatriados


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Um homem armado com duas pistolas matou ao menos 13 pessoas ontem em um centro de apoio a imigrantes na cidade de Binghamton, 225 km a noroeste de Nova York. A polícia suspeita que um 14º corpo encontrado no prédio seja do próprio atirador, que se matou com um tiro na cabeça. Quatro feridos foram levados a hospitais em condições críticas.
Segundo a imprensa, o atirador era asiático e tinha documentos com o nome de Jiverly Voong, 42, morador Jonhson City, a 5,4 km de Binghamton. A polícia não confirmou a informação, mas um policial disse em condição de anonimato que esse seria um nome falso usado pelo homem no passado.
O local do ataque é a American Civic Association, que oferece aulas de cidadania, inglês e serviços de aconselhamento a estrangeiros. A diretora do centro, Angela Leach, estava de folga ontem e se disse chocada com o ataque.
"Ouvi tiros, mas nenhum grito. Só silêncio e mais tiros", disse a sobrevivente Zhanar Tokhtabayeva, 30, imigrante do Cazaquistão. Ela fazia aula de inglês no momento do ataque e se escondeu com colegas em um depósito. "Pensei que minha vida estava acabada."
As vítimas não haviam sido identificadas até o fechamento desta edição, mas, segundo a polícia, uma recepcionista e vários alunos que se preparavam para um teste de cidadania estão entre os mortos.
Não se sabe o motivo do crime. O deputado federal Maurice Hinchey, que representa a região, disse à Associated Press que Voong fora demitido de um cargo na IBM recentemente.
A agência Associated Press conversou com uma mulher que disse ser irmã de Voong. Segundo ela, "Voong não tinha armas e deve ter sido morto por outra pessoa".
O crime foi o ataque a tiros nos EUA com mais mortos desde o massacre na universidade Virginia Tech, quando o estudante sul-coreano Cho Seung-hui matou 32 colegas e professores antes de se suicidar em abril de 2007. Assim como nesse massacre, as armas usadas ontem foram compradas legalmente.
Em nota, o presidente Barack Obama se disse "chocado e profundamente entristecido com o ato de violência sem sentido" em Binghamton.
Em conferência em Nova York, o vice-presidente Joe Biden disse que "já é hora de encontrarmos uma forma de acabar com esses ataques sem nenhum sentido" nos EUA.

Ataque premeditado
O episódio teve início por volta das 10h da manhã, quando o atirador bloqueou a saída traseira do prédio com seu carro e entrou com as armas pela porta da frente. Às 10h30, os serviços de emergência receberam o telefonema de uma recepcionista do centro, que disse que havia levado um tiro no abdome e que um homem armado estava atacando pessoas no prédio. Ela sobreviveu.
"Foi simplesmente um pânico", disse Alex Galkin, imigrante do Uzbequistão que também fazia aulas de inglês e se escondeu no porão.
A polícia local diz que chegou ao centro em três minutos e isolou a área. Segundo o chefe de polícia Joseph Zikuski, não houve mais tiros após a chegada dos policiais. Um grupo de 26 pessoas se escondeu no porão e foi orientado por celular a permanecer no local até que os policiais o resgatasse. No total, 37 pessoas foram retiradas com segurança, e os quatro feridos foram levados a hospitais.
Dois homens asiáticos foram detidos porque se encaixavam na descrição do atirador oferecida pela recepcionista, mas posteriormente liberados.
Durante a tarde, a imprensa ofereceu informações conflitantes de que a polícia de Binghamton e o FBI tentaram negociar com o atirador para liberar as pessoas que continuavam no centro. Há relatos de que um tradutor da língua vietnamita foi chamado para auxiliar os contatos. Nada disso foi confirmado.
Foi a primeira vez que um crime do tipo aconteceu em Binghamton, cidade de 47 mil habitantes que tem forte presença de imigrantes do Vietnã.


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