São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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"Não vai ter prisão para todos", diz flanelinha

DO ENVIADO À CIDADE DO MÉXICO

Joaquín, 15, trabalha como "flanelinha" próximo ao Paseo de La Reforma, na zona central da Cidade do México, há mais de um ano. Ontem, o menino, cujo sobrenome será omitido aqui, não tinha a menor idéia de que sua "atividade" será um crime em menos de dois meses. Depois de ser informado dos detalhes pela Folha, disse que pretende continuar a fazer o que faz, porque sua família depende disso, e duvidou da eficácia do plano: "Não vai ter lugar para prender todo mundo".
 

Folha - Com as medidas de "tolerância zero" na Cidade do México, o que você pretende fazer?
Joaquín -
Não tenho idéia, mas acho que vou continuar fazendo a mesma coisa. Não tenho outro trabalho e preciso ajudar minha família. Tenho irmãos pequenos e dois deles ficam ali [aponta para uma esquina] limpando os vidros dos carros. Estamos por aqui já faz tempo.
Acho que não vai adiantar nada isso aí. Não vai ter lugar para prender todo mundo. O que eles deveriam fazer era dar um trabalho direito para a gente. O que querem que eu faça?

Folha - Vocês não têm medo da polícia, de serem presos?
Juárez -
O pessoal dos albergues às vezes já vêm para cima da gente para nos levar, principalmente à noite. A polícia também. Às vezes cobram um dinheiro e ameaçam bater na gente. Já disseram que, depois que essa obra acabar [a avenida que está sendo reformada na região], vamos ter de sumir daqui.

Folha - Quanto vocês ganham?
Juárez -
O que dão, umas moedas. Em outros lugares têm preços fixos muito mais altos, 10, 15 pesos (R$ 2,60, R$ 3,90). Mas aí é o pessoal mais bravo que trabalha lá. A gente não faz isso.


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