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"Não vai ter prisão para todos", diz flanelinha
DO ENVIADO À CIDADE DO MÉXICO
Joaquín, 15, trabalha como "flanelinha" próximo ao Paseo de La
Reforma, na zona central da Cidade do México, há mais de um ano.
Ontem, o menino, cujo sobrenome será omitido aqui, não tinha a
menor idéia de que sua "atividade" será um crime em menos de
dois meses. Depois de ser informado dos detalhes pela Folha,
disse que pretende continuar a fazer o que faz, porque sua família
depende disso, e duvidou da eficácia do plano: "Não vai ter lugar
para prender todo mundo".
Folha - Com as medidas de "tolerância zero" na Cidade do México, o
que você pretende fazer?
Joaquín - Não tenho idéia, mas
acho que vou continuar fazendo a
mesma coisa. Não tenho outro
trabalho e preciso ajudar minha
família. Tenho irmãos pequenos e
dois deles ficam ali [aponta para
uma esquina] limpando os vidros
dos carros. Estamos por aqui já
faz tempo.
Acho que não vai adiantar nada
isso aí. Não vai ter lugar para
prender todo mundo. O que eles
deveriam fazer era dar um trabalho direito para a gente. O que
querem que eu faça?
Folha - Vocês não têm medo da
polícia, de serem presos?
Juárez - O pessoal dos albergues
às vezes já vêm para cima da gente
para nos levar, principalmente à
noite. A polícia também. Às vezes
cobram um dinheiro e ameaçam
bater na gente. Já disseram que,
depois que essa obra acabar [a
avenida que está sendo reformada na região], vamos ter de sumir
daqui.
Folha - Quanto vocês ganham?
Juárez - O que dão, umas moedas. Em outros lugares têm preços fixos muito mais altos, 10, 15
pesos (R$ 2,60, R$ 3,90). Mas aí é o
pessoal mais bravo que trabalha
lá. A gente não faz isso.
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