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AMÉRICA LATINA
Motivo é "ingerência"
México e Peru retiram embaixadores de Cuba
DA REDAÇÃO
Na pior crise diplomática entre
Cuba e o México desde que o ditador Fidel Castro assumiu o poder,
em 1959, o embaixador mexicano
em Havana foi chamado de volta,
e o governo do presidente Vicente
Fox deu 48 horas para que o embaixador cubano deixasse o país.
O governo peruano, do presidente Alejandro Toledo, também
retirou o seu embaixador da ilha,
aumentando ainda mais o isolamento internacional de Fidel, que
no ano passado perdera o tradicional apoio da União Européia
após uma onda de repressão.
México e Peru, que há duas semanas votaram a favor de uma
resolução da ONU criticando a situação dos direitos humanos em
Cuba, anunciaram a retirada dos
embaixadores anteontem à noite
alegando "ingerências inaceitáveis" de Fidel em assuntos internos. As ligações de Peru e México
com Cuba se reduziram a diplomatas de baixo escalão.
Em discurso no sábado, Fidel
fez duras críticas aos dois países:
"Peru, o quinto governo latino-americano que votou com os
EUA contra Cuba, constitui um
exemplo do grau de humilhação e
de dependência aos quais muitos
Estados da América Latina foram
conduzidos pelo imperialismo e
pela globalização neoliberal".
"No México, povo afetuoso e irmão para todos os cubanos, o
Congresso solicitou em vão a seu
presidente para que se abstivesse
de apoiar a resolução encomendada pelo presidente Bush. Dói
profundamente que tanto prestígio e influência conquistados pelo
México na América Latina e no
mundo por sua irretocável política internacional, surgida de uma
revolução verdadeira e profunda,
tenham virado cinzas", disse.
A resolução, aprovada por um
voto, diz que Cuba "deve parar de
adotar medidas que possam colocar em risco direitos fundamentais" e "deplora os eventos ocorridos no ano passado em Cuba",
em referência à condenação de 75
dissidentes a até 28 anos de prisão, acusados de conspirar com
os EUA para derrubar Fidel.
O Brasil se absteve de votar na
ONU. Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse à Folha na época
que o Brasil "não reconhece nem
deixa de reconhecer" que haja repressão na ilha.
Além da votação na ONU, as relações entre Cuba e México pioraram durante o processo de deportação do empresário Carlos Ahumada, acusado de pagar subornos
a políticos de esquerda mexicano.
Ao deportá-lo, Cuba disse que o
caso tinha "objetivos políticos"
para prejudicar a oposição a Fox.
O México também acusa três
funcionários do governo cubano
de realizar recentemente atividades políticas no país, supostamente encontros com políticos de
esquerda sobre o caso Ahumada.
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, entregou ontem ao presidente George
W. Bush propostas para provocar
"o fim rápido da ditadura cubana". O teor das propostas não foi
revelado.
Com agências internacionais
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