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BÁLCÃS
País não prendeu nem extraditou general procurado por tribunal da ONU
Genocida sérvio gera ruptura com UE
DA REDAÇÃO
A União Européia anunciou
ontem a suspensão das negociações para a adesão da Sérvia, porque aquele país dos Bálcãs não
conseguiu prender e extraditar ao
Tribunal de Haia o general Ratko
Mladic, indiciado por genocídio e
por outros crimes de guerra.
A decisão desencadeou crise
política em Belgrado, onde o vice-primeiro-ministro, Miroljub Labus, encarregado dos contatos
com os europeus, renunciou e
acusou o governo de "traição aos
mais altos interesses do país e dos
cidadãos sérvios".
O general-de-divisão Mladic,
64, está refugiado desde 1995, beneficiando-se de uma rede de
proteção de grupos ultranacionalistas, envolvidos durante a guerra
civil da ex-Iugoslávia em operações de limpeza étnica e de massacre contra minorias islâmicas.
Ao lado de Radovan Karadzic,
também foragido, seu nome está
associado ao assassinato, há 11
anos, de 8.000 homens e adolescentes muçulmanos no enclave
bósnio de Srebrenica, no que foi
considerada a maior atrocidade
em território europeu desde o final da Segunda Guerra.
Mladic foi também o responsável pelo cerco de Sarajevo, no qual
10.000 pessoas foram mortas.
A decisão européia foi ontem
anunciada em Bruxelas por Olli
Rehn, comissário encarregado de
negociações iniciais com países
candidatos ao bloco. "A Sérvia deve demonstrar que ninguém está
acima da lei, e que qualquer cidadão indiciado por crimes graves
deve ser levado à Justiça", disse.
Em Haia, onde as Nações Unidas instalaram o Tribunal Criminal Internacional para a antiga Iugoslávia, a procuradora-chefe,
Carla del Ponte, acusou o governo
sérvio de tê-la enganado ao informar há semanas que a prisão do
general Mladic era iminente. Disse ainda que o criminoso foi visto
na região de Belgrado, e que há
dez dias as autoridades locais o
haviam localizado.
Observadores acreditam que a
prisão descontentaria os ultranacionalistas, que permitem a sobrevivência do gabinete minoritário do primeiro-ministro Vojislav
Kostunica. Este afirmou, no entanto, que o apoio logístico de
Mladic havia sido desmantelado e
que sua fuga era agora, praticamente, um ato solitário.
Kostunica lançou um apelo para que o criminoso de guerra se
renda e acusou os que ainda o
protegem de estarem "impondo
um prejuízo imenso aos interesses nacionais e do Estado".
A ruptura com a União Européia lança a Sérvia numa situação
de isolamento semelhante à que
enfrentou durante a guerra ou
sob o regime ditatorial de Slobodan Milosevic, que morreu este
ano na prisão de Haia, onde estava sendo julgado por genocídio.
O episódio também funcionará
como um estímulo para que
Montenegro, República-gêmea
da Sérvia, pronuncie-se pela independência, no plebiscito marcado
para o próximo dia 21. Com o enfraquecimento do governo, o episódio poderá ainda estimular as
aspirações independentistas dos
cidadãos da etnia albanesa do Kosovo, onde eles compõem 90% da
população. A província está desde
1999 sob administração internacional, para proteger sua população de investidas sérvias.
Com agências internacionais
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