São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Polícia cubana frustra seqüestro de avião

Com intenção de ir para Miami, recrutas fogem de quartel, seqüestram ônibus lotado, invadem aeroporto e tomam avião

Em comunicado, governo cubano culpa lei americana por incidente e diz que um refém foi assassinado pelos soldados, antes da rendição

DA REDAÇÃO

Um tiroteio aconteceu ontem de manhã no aeroporto internacional de Havana, Cuba, quando dois recrutas cubanos tentaram seqüestrar um avião para fugir rumo a Miami.
Segundo comunicado do governo cubano, o tenente-coronel Victor Acuña, refém dos soldados, foi morto por estes no interior do avião. "Mesmo desarmado, [Acuña] tentou heroicamente impedir o ato terrorista", disse a nota emitida pelo Ministério do Interior.
Os dois recrutas foram presos. Eles prestavam o serviço militar e fugiram do quartel, no domingo, com fuzis AK-47. O tiroteio aconteceu no terminal 2 do aeroporto, que ontem à noite voltou a funcionar normalmente, de acordo com as agências de notícias.
No comunicado, emitido no fim da tarde de ontem, o governo cubano culpa os EUA pelo seqüestro e diz que os recrutas haviam fugido de um quartel em Managua, nos arredores de Havana, junto com outro soldado, capturado antes da invasão do aeroporto. Yoendris Gutiérrez, sentinela do quartel, foi morto pelo grupo.
Os três desertores foram identificados como Leandro Cerezo Sirut, 19, Alain Forbus Lameru, 19, e Yoan Torres Martínez, 21. Não ficou claro qual deles foi preso antes da tentativa de seqüestro.

Blecaute informativo
Segundo a nota oficial cubana, a legislação dos Estados Unidos estimula "ações criminosas e de vandalismo" ao privilegiar, na concessão automática de visto de residência, cubanos que cheguem ao território americano por qualquer via.
"Sobre as autoridades dos Estados Unidos recai a responsabilidade por esses novos crimes, que se somam à lista de atos de terrorismo de que Cuba foi vítima durante quase meio século", diz o comunicado.
A tentativa de seqüestro foi noticiada no início da tarde por agências internacionais de notícias, mas demorou a ser confirmada pela autoridades da ilha, onde todos os meios de comunicação são controlados pelo Estado. As edições eletrônicas dos jornais "Granma" e "Juventud Rebelde" não faziam nenhuma menção ao incidente até a noite de ontem.
Informações desencontradas, passadas anonimamente por funcionários do aeroporto às agências de notícias, diziam que o morto era um dos seqüestradores e que o outro havia sido atingido com um tiro no pé.
Segundo esses relatos, os recrutas seqüestraram um ônibus de passageiros na madrugada de ontem nos arredores do aeroporto e, com o veículo, romperam as grades de proteção do local. Usando os passageiros do ônibus como reféns, os seqüestradores exigiram um avião para abandonar Cuba e abordaram um Boeing-737 da companhia espanhola Hola Airlines que estava na pista. O avião, que chegava de Santiago de Cuba, estava vazio.

Operação de busca
Depois da fuga do quartel em Managua as autoridades haviam ordenado uma operação militar para buscar os fugitivos em várias Províncias da ilha. As autoridades cubanas distribuíram circulares do Centro de Inteligência Militar com as fotografias dos foragidos, dizendo que eles eram de Camagüey, centro de Cuba.
Segundo estimativa oficial, 55 aviões foram seqüestrados em Cuba desde a revolução de 1959. Em sua maioria, os seqüestradores pretendiam chegar aos EUA. O último incidente desse tipo aconteceu em 10 de abril de 2003 -quando oito homens tentaram seqüestrar um avião na Ilha da Juventude. Cinco foram condenados à prisão perpétua. No mesmo mês, três dos 11 seqüestradores de uma lancha de passageiros foram condenados à morte.


Com agências internacionais


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