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Polícia cubana frustra seqüestro de avião
Com intenção de ir para Miami, recrutas fogem de quartel, seqüestram ônibus lotado, invadem aeroporto e tomam avião
Em comunicado, governo cubano culpa lei americana por incidente e diz que um refém foi assassinado pelos soldados, antes da rendição
DA REDAÇÃO
Um tiroteio aconteceu ontem de manhã no aeroporto internacional de Havana, Cuba,
quando dois recrutas cubanos
tentaram seqüestrar um avião
para fugir rumo a Miami.
Segundo comunicado do governo cubano, o tenente-coronel Victor Acuña, refém dos
soldados, foi morto por estes no
interior do avião. "Mesmo desarmado, [Acuña] tentou heroicamente impedir o ato terrorista", disse a nota emitida
pelo Ministério do Interior.
Os dois recrutas foram presos. Eles prestavam o serviço
militar e fugiram do quartel, no
domingo, com fuzis AK-47. O
tiroteio aconteceu no terminal
2 do aeroporto, que ontem à
noite voltou a funcionar normalmente, de acordo com as
agências de notícias.
No comunicado, emitido no
fim da tarde de ontem, o governo cubano culpa os EUA pelo
seqüestro e diz que os recrutas
haviam fugido de um quartel
em Managua, nos arredores de
Havana, junto com outro soldado, capturado antes da invasão
do aeroporto. Yoendris Gutiérrez, sentinela do quartel, foi
morto pelo grupo.
Os três desertores foram
identificados como Leandro
Cerezo Sirut, 19, Alain Forbus
Lameru, 19, e Yoan Torres
Martínez, 21. Não ficou claro
qual deles foi preso antes da
tentativa de seqüestro.
Blecaute informativo
Segundo a nota oficial cubana, a legislação dos Estados
Unidos estimula "ações criminosas e de vandalismo" ao privilegiar, na concessão automática de visto de residência, cubanos que cheguem ao território americano por qualquer via.
"Sobre as autoridades dos
Estados Unidos recai a responsabilidade por esses novos crimes, que se somam à lista de
atos de terrorismo de que Cuba
foi vítima durante quase meio
século", diz o comunicado.
A tentativa de seqüestro foi
noticiada no início da tarde por
agências internacionais de notícias, mas demorou a ser confirmada pela autoridades da
ilha, onde todos os meios de comunicação são controlados pelo Estado. As edições eletrônicas dos jornais "Granma" e "Juventud Rebelde" não faziam
nenhuma menção ao incidente
até a noite de ontem.
Informações desencontradas, passadas anonimamente
por funcionários do aeroporto
às agências de notícias, diziam
que o morto era um dos seqüestradores e que o outro havia sido atingido com um tiro no pé.
Segundo esses relatos, os recrutas seqüestraram um ônibus de passageiros na madrugada de ontem nos arredores
do aeroporto e, com o veículo,
romperam as grades de proteção do local. Usando os passageiros do ônibus como reféns,
os seqüestradores exigiram um
avião para abandonar Cuba e
abordaram um Boeing-737 da
companhia espanhola Hola
Airlines que estava na pista. O
avião, que chegava de Santiago
de Cuba, estava vazio.
Operação de busca
Depois da fuga do quartel em
Managua as autoridades haviam ordenado uma operação
militar para buscar os fugitivos
em várias Províncias da ilha. As
autoridades cubanas distribuíram circulares do Centro de Inteligência Militar com as fotografias dos foragidos, dizendo
que eles eram de Camagüey,
centro de Cuba.
Segundo estimativa oficial,
55 aviões foram seqüestrados
em Cuba desde a revolução de
1959. Em sua maioria, os seqüestradores pretendiam chegar aos EUA. O último incidente desse tipo aconteceu em 10
de abril de 2003 -quando oito
homens tentaram seqüestrar
um avião na Ilha da Juventude.
Cinco foram condenados à prisão perpétua. No mesmo mês,
três dos 11 seqüestradores de
uma lancha de passageiros foram condenados à morte.
Com agências internacionais
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