|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No figurino, Ségolène é disparada a 1ª
JOHN LICHFIELD
JEN WAINWRIGHT
DO "INDEPENDENT", EM PARIS
Discutiu-se muito na
França, ontem, quem teria
vencido o debate presidencial na televisão. Mas não há
dúvida quanto a quem venceu a guerra do estilo.
Ségolène Royal usou uma
saia e casaco azuis escuros e
blusa branca com gola branca alta. Ela estava muito bela:
parecia em parte diretora de
escola, em parte advogada,
em parte mãe da noiva.
Nicolas Sarkozy vestia terno escuro, camisa azul e gravata listrada. Ele parecia o
gerente de uma empresa de
transportes das províncias.
Pode parecer sexismo comentar as roupas de uma política, mas o fato é que Ségolène Royal vem usando o estilo de maneira consciente,
como arma política.
O rival de Royal na disputa
pela Presidência, Nicolas
Sarkozy, freqüentemente
usa ternos e gravatas muito
escuros que o fazem parecer
um garçom de alta categoria
ou uma miniatura de conde
Drácula. Como muitos franceses já receiam que Sarkozy
possa ter "algo de sombrio", a
escolha causa espanto.
Royal, 53 anos, costumava
esconder sua feminilidade
por trás de óculos grandes e
casacos vermelhos vivos.
Nos últimos dois ou três anos
ela transformou sua aparência deliberadamente. Passou
por algum procedimento para modelar seus dentes, antes proeminentes. Sua aparência jovem se deve um
pouco a alguns pequenos
procedimentos de cirurgia
plástica -mas muito pouco.
Os comentaristas e gurus da
moda franceses dizem que
seu maior triunfo tem sido a
escolha do guarda-roupa.
Ségolène Royal veste roupas prêt-à-porter de lojas de
qualidade como a Zara e, especialmente, da grife francesa em ascensão Gérard Darel. Ela evita a alta-costura,
com exceção de duas roupas
da grife francesa Paule Ka.
Vincent Grégoire é gerente
do "laboratório de tendências" Nelly Rodi, em Paris,
uma empresa que estuda
transformações sociais e políticas e aconselha o mundo
da moda em relação aos gostos no futuro próximo. Ele
acredita que Ségolène Royal
captou à perfeição o estado
de ânimo dominante no início do século 21.
"A imagem que ela transmite é de alguém que se
preocupa com sua aparência,
mas não exageradamente, e
que compra suas roupas dentro dos limites de um orçamento. Alguém que é ambiciosa mas, ao mesmo tempo,
comum", disse ele. "A década
de 1990 se caracterizou pela
ambição, a busca do sucesso,
coisas duras e masculinas.
Hoje o clima mudou para algo mais humano. As pessoas
continuam a ser ambiciosas.
Ainda querem ter sucesso,
ainda querem realizar seus
propósitos. Mas, ao mesmo
tempo, estão mais reflexivas,
mais preocupadas com o outro. Elas se preocupam com a
família e com o meio ambiente. É essa característica
dupla que o look de Ségolène
capta tão bem."
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Sarkozy mantém dianteira após debate Próximo Texto: Campanha 1: Candidatos republicanos apóiam guerra Índice
|