São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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No figurino, Ségolène é disparada a 1ª

JOHN LICHFIELD
JEN WAINWRIGHT
DO "INDEPENDENT", EM PARIS

Discutiu-se muito na França, ontem, quem teria vencido o debate presidencial na televisão. Mas não há dúvida quanto a quem venceu a guerra do estilo. Ségolène Royal usou uma saia e casaco azuis escuros e blusa branca com gola branca alta. Ela estava muito bela: parecia em parte diretora de escola, em parte advogada, em parte mãe da noiva. Nicolas Sarkozy vestia terno escuro, camisa azul e gravata listrada. Ele parecia o gerente de uma empresa de transportes das províncias.
Pode parecer sexismo comentar as roupas de uma política, mas o fato é que Ségolène Royal vem usando o estilo de maneira consciente, como arma política. O rival de Royal na disputa pela Presidência, Nicolas Sarkozy, freqüentemente usa ternos e gravatas muito escuros que o fazem parecer um garçom de alta categoria ou uma miniatura de conde Drácula. Como muitos franceses já receiam que Sarkozy possa ter "algo de sombrio", a escolha causa espanto.
Royal, 53 anos, costumava esconder sua feminilidade por trás de óculos grandes e casacos vermelhos vivos. Nos últimos dois ou três anos ela transformou sua aparência deliberadamente. Passou por algum procedimento para modelar seus dentes, antes proeminentes. Sua aparência jovem se deve um pouco a alguns pequenos procedimentos de cirurgia plástica -mas muito pouco. Os comentaristas e gurus da moda franceses dizem que seu maior triunfo tem sido a escolha do guarda-roupa.
Ségolène Royal veste roupas prêt-à-porter de lojas de qualidade como a Zara e, especialmente, da grife francesa em ascensão Gérard Darel. Ela evita a alta-costura, com exceção de duas roupas da grife francesa Paule Ka. Vincent Grégoire é gerente do "laboratório de tendências" Nelly Rodi, em Paris, uma empresa que estuda transformações sociais e políticas e aconselha o mundo da moda em relação aos gostos no futuro próximo. Ele acredita que Ségolène Royal captou à perfeição o estado de ânimo dominante no início do século 21.
"A imagem que ela transmite é de alguém que se preocupa com sua aparência, mas não exageradamente, e que compra suas roupas dentro dos limites de um orçamento. Alguém que é ambiciosa mas, ao mesmo tempo, comum", disse ele. "A década de 1990 se caracterizou pela ambição, a busca do sucesso, coisas duras e masculinas. Hoje o clima mudou para algo mais humano. As pessoas continuam a ser ambiciosas.
Ainda querem ter sucesso, ainda querem realizar seus propósitos. Mas, ao mesmo tempo, estão mais reflexivas, mais preocupadas com o outro. Elas se preocupam com a família e com o meio ambiente. É essa característica dupla que o look de Ségolène capta tão bem."


Tradução de CLARA ALLAIN


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