São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2010

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Acordo China-Paquistão reforça argumento de Teerã

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

A decisão da China de construir no Paquistão dois reatores nucleares para produção de energia, anunciada na semana passada, ajuda a reforçar o argumento do Irã sobre um padrão duplo, que abona atividades atômicas militares de países selecionados.
O Paquistão é potência nuclear fora do Tratado de Não Proliferação, e o acordo com a China responde em parte ao que foi firmado, em 2005, entre os Estados Unidos e a Índia, sua rival regional.
O último abriu as instalações civis indianas -mas não as militares- a inspeções internacionais e liberou a venda de material sensível a Nova Déli, por decisão do Grupo de Fornecedores Nucleares (NSG, na sigla em inglês), do qual o Brasil faz parte.
"A exceção para a Índia criará problemas por muitos anos. Israel acredita que, se o Paquistão conseguir um acordo de cooperação especial, também tem direito. Caso isso aconteça, poderemos ver o fim do TNP", afirmou Daryl Kimball, da Associação pelo Controle de Armas (Washington).
O acordo EUA-Índia teve o apoio de franceses, britânicos e russos, que se beneficiarão da venda de reatores e urânio, disse Kimball. "Brasil e África do Sul foram cúmplices, ao não agir contra. Acho que parte da razão foi a relação especial entre os três países [que formam o fórum Ibas]. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se deixou conquistar pelo premiê [indiano, Manmohan] Singh."
Para o americano, é importante que Brasil e África do Sul não deixem que o Irã equipare seu programa nuclear aos deles, usando o argumento do direito ao uso pacífico do átomo.
"Os países que cumprem suas obrigações sob o TNP devem exigir que o Irã responda às dúvidas da AIEA e suspenda a ampliação do enriquecimento de urânio, como medida de confiança", argumentou ele.


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