São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2011

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O FIM DA CAÇADA

EUA afirmam que Paquistão poderia alertar Bin Laden

Diretor da CIA diz que "qualquer esforço para trabalhar com paquistaneses" comprometia ação contra saudita

Declarações acirram tensão entre os dois países que, no entanto, devem cooperar na luta contra o terrorismo

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O diretor da CIA, Leon Panetta, tornou oficial ontem a rixa com o Paquistão que já havia ficado clara na operação unilateral que matou Osama bin Laden no país no último domingo: segundo ele, se Islamabad fosse avisada sobre o ataque, alertaria o líder terrorista.
Logo no início do planejamento pelos EUA, "foi decidido que qualquer esforço para trabalhar com os paquistaneses prejudicaria a missão", disse Panetta em entrevista à revista "Time". "Poderiam alertar os alvos."
A afirmação pública de um membro do alto escalão de Washington sobre o quanto um de seus principais parceiros não é confiável escancarou o tamanho do problema que a Casa Branca tem nas mãos ao lidar com o Paquistão e explicitou a vontade de pressionar abertamente os paquistaneses.
A dificuldade em garantir a cooperação total do Paquistão contra grupos extremistas já era conhecida. Laços com a agência de inteligência paquistanesa eram em si considerados indícios de atividade terrorista.
Mas que o mundo saiba que o homem mais procurado pelos EUA há dez anos viveu nos últimos cinco num complexo próximo a um centro militar paquistanês traz novos desafios.
Washington considera inconcebível que não houvesse cooperação paquistanesa com Bin Laden e está investigando sua extensão.
Por outro lado, há necessidade de cooperação de Islamabad para conter a ameaça de extremistas na região. "O Paquistão tem sido extremamente útil e queremos continuar a colaborar no futuro", disse ontem Jay Carney, porta-voz da Casa Branca.
Isso dificulta a definição do formato da pressão que os EUA podem exercer.
Ontem, em comunicado conjunto, Paquistão e EUA ressaltaram "a importância da cooperação [entre os dois países] para derrotar o terrorismo" e reafirmaram "o compromisso mútuo" em suas relações de defesa.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, negou que seu governo ajudou Bin Laden. Em artigo no "Washington Post", afirma que o Paquistão tinha "tanta razão para desprezar a Al Qaeda quanto qualquer país".
"Essa especulação pode ser excitante para as notícias, mas não reflete os fatos", disse. Ele admitiu que não sabia da operação, mas disse que o país compartilha informação sobre o complexo de Bin Laden com a CIA desde 2009.
Seu governo se disse perturbado pelo fato de os EUA não terem pedido permissão. No Congresso sugeriu-se rever a ajuda financeira dos EUA ao Paquistão (US$ 20 bi em ajuda direta e pagamentos militares desde o 11/ 9).


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