São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2011

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Síria invade mais uma "cidade rebelde"

Depois de ocupar Daraa, tropas do ditador Bashar Assad entraram em Banias, outro foco de protestos contra seu regime

Condenação ao regime sírio cresce; países da UE falam em sanções, e EUA chamam as ações de Assad de "bárbaras"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em novo lance da escalada repressiva do regime de Bashar Assad, forças de segurança da Síria invadiram a cidade costeira de Banias, a 188 km da capital, Damasco.
Assim como Daraa, ocupada militarmente na semana passada, Banias é um dos focos dos protestos contra a ditadura síria, que começaram em meados de março, na esteira das revoltas no mundo árabe, e já resultaram em pelo menos 560 mortos no país.
Segundo Anas al Shughri, um dos líderes dos protestos, o Exército sírio fechou a saída de Banias pelo norte, e forças de segurança se postaram ao sul. "Eles também armaram aldeias alauítas nas colinas próximas à cidade."
A família Assad, que governa a Síria desde 1971, integra a minoria muçulmana alauíta, um ramo dos xiitas. A maioria da população do país é muçulmana sunita.
Outro ativista, Ammar Qurabi, que vive no Egito, afirmou que as prisões arbitrárias continuaram ontem em todo o país e que pelo menos mil pessoas já foram detidas, principalmente em Daraa. A censura imposta pela Síria à imprensa impede verificação independente dos relatos.
A repressão aumentou depois que Bashar Assad, no poder desde 2000, anunciou o fim do estado de emergência, duas semanas atrás.

CONDENAÇÃO EXTERNA
Os EUA, que já anunciaram a preparação de sanções contra a Síria, chamaram de "bárbaras" as ações de Assad contra a oposição. Ao mesmo tempo, Reino Unido, Alemanha e França defenderam punições ao regime sírio no âmbito da União Europeia.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner, afirmou que as medidas tomadas por Assad equivalem à "punição coletiva de civis inocentes".
A Síria é um dos principais adversários americanos no Oriente Médio, por suas relações com o Irã, sua oposição a Israel e seu apoio a grupos considerados terroristas pelos EUA, como o palestino Hamas e o libanês Hizbollah.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Werner Hoyer, disse que a escalada repressiva do regime sírio "não deixa à União Europeia saída que não seja adoção de sanções".
O ministro da defesa israelense, Ehud Barak, disse acreditar que Assad "se aproxima do momento em que perderá sua autoridade".
O premiê turco, Tayyip Erdogan, lembrou o massacre de Hama, em 1982, quando as tropas do pai de Bashar, Hafez, reprimiram uma revolta da maioria sunita matando um total estimado entre 17 mil e 40 mil pessoas.
"Lembramos o governo sírio de que um massacre como o de Hama não pode se repetir", afirmou Erdogan, que enviou representantes a Damasco e conversou com Bashar Assad diversas vezes desde o começo da crise.


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