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GAFE
Governo nega revisão de banimento
Fala sobre arma nuclear gera crise no Japão
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, foi obrigado ontem a rebater as fortes críticas produzidas por uma declaração de seu chefe de gabinete, de que o
Japão -único país a sofrer um ataque nuclear- poderia abandonar seu consagrado banimento de armas nucleares.
A controvérsia é a mais recente dor de cabeça para Koizumi, que luta para aprovar projetos-chave no Parlamento em meio a uma forte queda em sua popularidade.
O chefe de gabinete de Koizumi, Yasuo Fukuda, admitiu numa entrevista coletiva ter feito as observações publicadas no sábado e atribuídas a "uma alta fonte do
governo". Fukuda, porém, procurou reduzir sua importância. "Eu
só disse que há uma chance de que o governo decida modificar
seus três princípios antinucleares no futuro. Mas não há nenhuma
chance de que o atual governo discuta uma revisão desses princípios [proibição para posse, produção e importação de armas nucleares"", disse.
Os partidos de oposição pediram a demissão de Fukuda e boicotaram os debates parlamentares de ontem. Na cidade de
Hiroshima, onde cerca de 140 mil
pessoas morreram após o bombardeio atômico americano em
agosto de 1945, pelo menos cem
pessoas protestaram contra as declarações de Fukuda no memorial
do Parque da Paz.
O comentário ameaçou se transformar em um incidente diplomático, após fortes críticas por parte da China. As relações entre os dois países se estremeceram no
mês passado, após norte-coreanos em busca de asilo terem sido
presos pela polícia chinesa dentro de um consulado do Japão.
As declarações de políticos conservadores contra o pacifismo do Japão no pós-guerra têm sido cada vez mais frequentes, mas os temores sobre as reações domésticas e internacionais geralmente resultam em retratações.
Koizumi disse que não há razão para uma crise. "Essa coisa toda cresceu além de suas proporções", disse, acrescentando que não pretende demitir Fukuda.
Suas declarações são as últimas de uma série feitas por líderes políticos japoneses nos últimos tempos. Em abril, Ichiro Ozawa, líder
do opositor Partido Liberal, disse que o Japão poderia facilmente
desenvolver armas nucleares e ultrapassar a força militar chinesa.
Ozawa disse depois que suas declarações foram "distorcidas".
Com agências internacionais
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