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ANÁLISE
Presidente quer usar força ganha no Iraque
JAMES HARDING
DO "FINANCIAL TIMES"
Se o presidente George W. Bush
tem um princípio político que o
guia, é o seguinte: use o que você
conquistou ou desperdice-o.
Quando Bush viajou para o
Oriente Médio para reunir-se
com os líderes árabes, ontem, e os
premiês israelense e palestino,
hoje, estava exportando sua filosofia política doméstica para território estrangeiro.
A vitória das forças lideradas pelos EUA no Iraque conferiu a
Bush capital político enorme, segundo um alto funcionário da Casa Branca. Agora, segundo essa fonte, o presidente pretende aproveitar o impulso proporcionado
pela vitória no Iraque e a alavancagem do poderio econômico
americano para lutar por um acordo duradouro de paz.
A ligação entre a guerra anglo-americana no Golfo e o processo
de paz na Terra Santa não é nova.
Após a Guerra do Golfo, de 1991, o
então presidente George Bush,
pai do atual, reuniu os líderes do
Oriente Médio em Madri para
promover uma agenda de ""terra
em troca de paz". "O presidente
Bush compreende essa conexão,
assim como seu pai a compreendia 12 anos atrás", disse na semana passada o senador Chuck Hagel, republicano que atua no comitê de relações externas do Senado. "Embora hoje seja muito
criticado, o processo de Madri
nos recorda de quão perto já chegamos e quão longe agora nos encontramos da paz duradoura no Oriente Médio."
A Casa Branca argumenta que
os tempos mudaram. Não apenas
o regime do Iraque foi derrubado
com relativa facilidade por forças
americanas, como Bush está dando ênfase especial ao esforço de
fazer os líderes árabes aderirem
ao processo de paz.
Na reunião de ontem, Bush procurou fazer com que os líderes assumissem um compromisso com o processo de paz. "A participação pública e privada e o apoio
dos líderes árabes têm importância vital para que o processo siga
adiante", disse um representante da Casa Branca.
Em Ácaba, hoje, o objetivo principal da reunião trilateral entre
Bush e os premiês de Israel, Ariel
Sharon, e palestino, Abu Mazen,
será simplesmente demonstrar
engajamento com o processo.
Diferentemente de seu antecessor, Bill Clinton, Bush não quer
entrar nos detalhes da negociação. "O objetivo é levar todos a
aceitar suas responsabilidades.
Não é ter um plano específico de
trabalho. O plano de trabalho já
existe", disse um dos assessores
mais próximos de Bush. A mensagem do presidente a Sharon e
Mazen é que cada um deve cumprir seu lado do acordo e não desperdiçar energia falando sobre o que o outro deve fazer.
A administração Bush está depositando grande confiança em
Mazen. Representantes da Casa
Branca o descrevem como "um
premiê palestino engajado no
combate ao terror e em construir
instituições que atendam às necessidades dos palestinos".
A Casa Branca está ciente dos
obstáculos: dúvidas quanto à autoridade real exercida por Mazen,
indagações sobre a boa vontade
israelense em fazer os sacrifícios
territoriais necessários e a determinação de terroristas e extremistas de ambos os lados de fazer o processo atolar. Mas, como acontece com boa parte da política externa de Bush, a Casa Branca dá ênfase maior às dimensões morais do que aos detalhes. Nas palavras de um representante da Casa
Branca, "é uma dessas questões importantes demais para não tentarmos resolvê-la", independentemente dos potenciais reveses
políticos que o envolvimento no
Oriente Médio pode trazer a Bush
em seu próprio país.
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