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CÚPULA DE EVIAN
G8
Francês condena guerra no Iraque e censura uso de declaração da cúpula contra Irã e Coréia do Norte como base para ataque preventivo
Chirac faz ataque aos EUA no final do G8
MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A EVIAN
Um dia depois das tentativas do
presidente dos EUA, George W.
Bush, e da França, Jacques Chirac,
de mostrar que as divergências
entre europeus e americanos em
relação ao Iraque são coisa do
passado, as diferenças voltaram a
emergir. Ontem, Chirac reafirmou sua oposição à guerra na entrevista de encerramento da reunião do G8 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia).
"Consideramos que toda a ação
militar sem endosso da comunidade internacional, em especial
do Conselho de Segurança [da
ONU], é ilegítima e ilegal. A posição da França em relação ao Iraque é a mesma", disse.
Mas Chirac disse que o seu país
pretende participar da transição
no Iraque. "Pode-se fazer uma guerra sozinho, mas não a paz",
afirmou. "Vamos tratar de reconstruir o Iraque, o que não será
fácil."
Para os americanos, a declaração em que o G8 adverte o Irã e a
Coréia do Norte sobre seus programas nucleares, divulgada anteontem, significa uma autorização implícita para o uso de força
contra países que violem as normas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
O documento prevê o uso de "outros meios em acordo com a
lei internacional" para conter a ameaça de disseminação do terrorismo e de armas de destruição em massa.
Para Chirac, a interpretação de
que isso pode significar que o Irã e
Coréia do Norte são candidatos a
um ataque preventivo parece "extraordinariamente ousada".
"Nunca houve qualquer conversa sobre uso de força contra
qualquer um nessa área. Gostaríamos de ter o diálogo necessário
com o Irã para que aceite as restrições internacionais e inspeções
pela AEIA [Agência Internacional
de Energia Atômica)]", disse.
O primeiro-ministro do Japão,
Junichiro Koizumi, reforçou essa
visão: "Ao contrário do caso do
Iraque, vamos continuar a buscar
uma saída diplomática e pacífica
[no caso norte-coreano]. Essa foi
a visão compartilhada pelo G8".
Irã e Coréia do Norte são os remanescentes daquilo que Bush
classificou de "eixo do mal" -o
Iraque, sob Saddam Hussein, era
o terceiro integrante.
Bush saiu da reunião depois do
almoço de anteontem, mas, mesmo assim, os líderes do G8 disseram que todos os pontos do comunicado final divulgado ontem
tinham sido acertados antes da
partida do presidente americano
para sua missão de paz no Oriente Médio.
Para o G8, o terrorismo, junto
com a disseminação de armas de
destruição em massa, é a ameaça
"proeminente" à segurança internacional. Por isso, os líderes dos
oito países criaram um Grupo de
Ação Contra o Terrorismo em
apoio ao comitê da ONU que atua
sobre o tema. Também determinaram aos seus ministros de finanças que identificassem medidas para avançar nos esforços de
cortar o financiamento de grupos
terroristas.
O comunicado final também
manifesta sua determinação de
apoiar os esforços recentes do governo dos EUA para a implementação de um acordo de paz no Oriente Médio. O roteiro para a
paz, segundo o texto, é do chamado Quarteto -integrado por
União Européia, EUA, Rússia e
ONU. Segundo Chirac, os americanos querem desenvolver um
papel de motor do processo, mas
não desligado do Quarteto. Na
véspera, Bush tinha dito que a
participação dos amigos, como a
França, seria importante para o
processo de paz.
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