São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Chávez e TV estatal cubana aplaudem a decisão

DA REDAÇÃO

Aliado-mor do ex-ditador cubano Fidel Castro, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, classificou a revogação da resolução que suspendia a ilha comunista da OEA como uma "vitória da dignidade de Cuba".
Nem Havana nem o convalescente Fidel haviam comentado, até o fechamento desta edição, a decisão oficialmente. Já o principal programa político da TV estatal cubana, o "Mesa Redonda", destacou o "valor político e o simbolismo" do consenso sobre o tema, que incluiu os EUA, apesar das "manobras e pressões" do país.
O noticiário estatal chamou o fim da suspensão de "vitória do socialismo e da resistência do povo cubano". Não houve menção aos condicionantes impostos para reintegração do país à organização, se Cuba quiser.
Chávez mesclou a comemoração com novas críticas a OEA. "Essa vitória não é suficiente, é só o ponto de partida de uma nova era, porque a OEA está aí [com] seus mecanismos intactos", disse. Mais do que questão cubana, Caracas e aliados questionam a própria legitimidade da organização e de sua Carta Democrática, aprovada em 2001, e queriam a participação automática de Cuba.
Os elogios também vieram do aliado nicaraguense, Daniel Ortega, que disse que a decisão "lava uma mancha" histórica. O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou os "gestos positivos" da Casa Branca.
Chávez disse ter falado com Fidel quatro vezes durante a negociação. Em texto com data de anteontem, o ex-ditador contou que acompanhava atentamente a reunião e aplaudia a "rebeldia" de seus aliados. Mencionou que o presidente venezuelano instou seu chanceler a "não admitir resolução que condicionasse a revogação da injusta sanção contra Cuba". "Haver lutado é uma proeza dos mais rebeldes", concluiu.
A resolução conciliatória que ganhou consenso permite, em termos estritamente textuais, que Fidel afirme que sua exigência foi cumprida: não foi imposta nenhuma condição à ilha prévia à revogação da suspensão imposta em 1962.
Cuba diz que não deseja voltar à OEA. Chávez repetiu o mesmo ontem. Se o país mudar de ideia, terá de solicitar um diálogo com a entidade e ajustar-se a seus "princípios" citados no preâmbulo do texto aprovado -entre eles, "democracia" e "direitos humanos".
Na terça, Fidel escreveu que Cuba não é "inimiga da paz", mas é "intransigente na defesa de seus princípios". Há um debate em torno da hipótese de as palavras intransigentes do ex-ditador sobre a OEA ou sobre o que se pode ceder na negociação com os EUA não serem as mesmas do irmão Raúl Castro, 78 anos completados ontem. Ainda mais quando Havana enfrenta a pior crise econômica desde o fim da União Soviética. "Havana não pode desperdiçar essa janela de oportunidade com os EUA", diz o economista cubano Carmelo Mesa-Lago.


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