|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez e TV estatal cubana aplaudem a decisão
DA REDAÇÃO
Aliado-mor do ex-ditador cubano Fidel Castro, o presidente
venezuelano, Hugo Chávez,
classificou a revogação da resolução que suspendia a ilha comunista da OEA como uma "vitória da dignidade de Cuba".
Nem Havana nem o convalescente Fidel haviam comentado, até o fechamento desta
edição, a decisão oficialmente.
Já o principal programa político da TV estatal cubana, o "Mesa Redonda", destacou o "valor
político e o simbolismo" do
consenso sobre o tema, que incluiu os EUA, apesar das "manobras e pressões" do país.
O noticiário estatal chamou o
fim da suspensão de "vitória do
socialismo e da resistência do
povo cubano". Não houve menção aos condicionantes impostos para reintegração do país à
organização, se Cuba quiser.
Chávez mesclou a comemoração com novas críticas a
OEA. "Essa vitória não é suficiente, é só o ponto de partida
de uma nova era, porque a OEA
está aí [com] seus mecanismos
intactos", disse. Mais do que
questão cubana, Caracas e aliados questionam a própria legitimidade da organização e de
sua Carta Democrática, aprovada em 2001, e queriam a participação automática de Cuba.
Os elogios também vieram
do aliado nicaraguense, Daniel
Ortega, que disse que a decisão
"lava uma mancha" histórica. O
chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou os "gestos
positivos" da Casa Branca.
Chávez disse ter falado com
Fidel quatro vezes durante a
negociação. Em texto com data
de anteontem, o ex-ditador
contou que acompanhava atentamente a reunião e aplaudia a
"rebeldia" de seus aliados.
Mencionou que o presidente
venezuelano instou seu chanceler a "não admitir resolução
que condicionasse a revogação
da injusta sanção contra Cuba".
"Haver lutado é uma proeza
dos mais rebeldes", concluiu.
A resolução conciliatória que
ganhou consenso permite, em
termos estritamente textuais,
que Fidel afirme que sua exigência foi cumprida: não foi imposta nenhuma condição à ilha
prévia à revogação da suspensão imposta em 1962.
Cuba diz que não deseja voltar à OEA. Chávez repetiu o
mesmo ontem. Se o país mudar
de ideia, terá de solicitar um
diálogo com a entidade e ajustar-se a seus "princípios" citados no preâmbulo do texto
aprovado -entre eles, "democracia" e "direitos humanos".
Na terça, Fidel escreveu que
Cuba não é "inimiga da paz",
mas é "intransigente na defesa
de seus princípios". Há um debate em torno da hipótese de as
palavras intransigentes do ex-ditador sobre a OEA ou sobre o
que se pode ceder na negociação com os EUA não serem as
mesmas do irmão Raúl Castro,
78 anos completados ontem.
Ainda mais quando Havana enfrenta a pior crise econômica
desde o fim da União Soviética.
"Havana não pode desperdiçar
essa janela de oportunidade
com os EUA", diz o economista
cubano Carmelo Mesa-Lago.
Texto Anterior: Análise: Decisão é como Brasil e bom senso pediam Próximo Texto: Lula celebra e pede fim do embargo Índice
|