São Paulo, sábado, 04 de junho de 2011

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Ditador do Iêmen sobrevive a ataque

Ali Abdullah Saleh, que enfrenta protestos há quatro meses, foi alvejado no complexo presidencial, em Sanaa

Líder, que sofre pressão dos EUA para renunciar, acusou "gangues" pela ação; confronto assume feições de guerra civil

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, sobreviveu a uma explosão contra o complexo presidencial na capital do país, Sanaa. O ataque causou ferimentos leves no ditador e matou sete guardas, segundo o governo.
Três horas após a ofensiva, Saleh divulgou mensagem em que disse estar "em boa saúde". Com voz ofegante, acusou "gangues armadas" pelo bombardeio ao palácio e convocou as Forças Armadas do Iêmen a retaliar.
Os protestos contra Saleh já duram quatro meses e têm sido violentamente reprimidos pelo regime. A revolta começou a ganhar contornos de guerra civil no fim de maio, quando membros da tribo Hashid, a maior do Iêmen, passaram a enfrentar as forças leais ao governo.
O ataque ao palácio ocorreu pouco depois de o governo ter bombardeado a casa de Hamid al Ahmar, líder do maior partido de oposição e irmão do xeque Sadek al Ahmar, líder da tribo Hashid.
"Os Al Ahmar cometeram um grave crime e passaram do limite", disse Tareq al Shami, porta-voz do governo. "Esta foi uma tentativa de golpe, e o governo tomará todas as medidas necessárias".
Sadek al Ahmar negou as acusações e acusou Saleh de fabricar a explosão no complexo presidencial, a fim de justificar a escalada de repressão contra os protestos.
Os primeiros relatos, de que ditador iemenita tinha morrido na explosão, foram logo desmentidos pela TV estatal. Um porta-voz do governo disse que Saleh sofreu apenas arranhões no rosto quando a mesquita situada no interior do complexo presidencial, onde ele rezava, foi atingida por um projétil.
Não está claro que tipo de munição foi utilizada. Um pronunciamento do ditador na TV, esperado desde a manhã de ontem, foi adiado por várias horas, até a divulgação da mensagem de áudio, sem imagens de Saleh.
A explosão no complexo presidencial conclui uma semana marcada pela violência. Anteontem, aviões do governo atacaram aldeias ao norte de Sanaa para conter a entrada de milhares de militantes tribais na capital.
O tom desafiador mostrado por Saleh ontem indica que o ditador parece disposto a continuar usando a força para manter-se no poder.
Há pouco menos de duas semanas, ele se recusou a assinar acordo intermediado pela Arábia Saudita e países do golfo Pérsico, pelo qual deixaria o poder em troca de anistia, seguida de eleições.
Foi a terceira vez que Saleh, no poder há 32 anos, recua no último minuto de um acordo para encerrar a crise.
Um enviado dos EUA passou dois dias no Iêmen nesta semana tentando convencer Saleh, antes considerado um aliado americano na luta antiterror, a aceitar uma transferência de poder pacífica.
A preocupação da Casa Branca é que a instabilidade dê espaços à Al Qaeda.

Com agências de notícias


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