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ANÁLISE
Republicana arrisca futuro político com manobra
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
Depois de a grande promessa
jovem republicana, o governador da Louisiana, Bobby Jindal,
decepcionar com performances medíocres na TV, e seu colega da Carolina do Sul, Mark
Sanford, brindar o mundo com
uma sequência de entrevistas
desmioladas sobre sua infidelidade, é a vez de a governadora
do Alasca, Sarah Palin, balançar
o pódio dos possíveis pré-candidatos da oposição à disputa
pela Casa Branca em 2012.
Há pouco mais de dez meses,
ela era introduzida na cena nacional e chocava o mundo político ao ser anunciada como a
candidata a vice de John
McCain. Logo, conquistou a base mais conservadora do partido e agregou valor à chapa. Agora, obtém o mesmo efeito-surpresa ao dizer que não só não
concorrerá à reeleição em seu
Estado como renunciará.
Mas o sinal é invertido. Num
pronunciamento errático, em
que não foram permitidas perguntas dos repórteres, ela não
deu motivos plausíveis para sua
decisão. Citou a perseguição da
imprensa a sua família; a vontade de fazer mais "pelo Alasca e
pelo país" fora do governo; o
"apoio às tropas"; e até a enquete doméstica que realizou com
o marido e os filhos -todos a
favor de sua renúncia.
A decisão embasbacou analistas e estrategistas políticos
de ambos os lados. A melhor hipótese, diziam, é que ela aproveitará a ausência de obrigações oficiais para se fazer mais
conhecida nacionalmente, levantar fundos, divulgar seu livro de memórias e conquistar o
establishment republicano,
que nunca a engoliu.
Outros cogitavam um escândalo prestes a aparecer -a renúncia seria assim preventiva-; um desequilíbrio psicológico, decorrência de uma depressão pós-parto; um desejo
de "volta por cima". Esse último seguiria um roteiro familiar
aos brasileiros, com toques do
imaginado pelo presidente Jânio Quadros (1917-1992), que
renunciou em 1961.
Palin sai culpando, não as
"forças terríveis" de Janio, mas
o preconceito das grandes cidades costeiras progressistas contra ela, uma "americana verdadeira". Renuncia, tenta o Senado em 2010 e volta em 2012,
"nos braços do povo", como a
cabeça-de-chapa republicana
na disputa pela Presidência.
O problema com essa hipótese é sua fragilidade: uma das
críticas feitas a ela na corrida
do ano passado era a falta de experiência executiva. Interromper seu primeiro mandato como governadora reforça a crítica e passa a impressão de instabilidade, outra crítica feita à
chapa McCain-Palin.
Enquanto isso, o Partido Republicano, que há menos de
três anos tinha a Casa Branca e
o Congresso e divulgava o sonho da "maioria permanente"
assiste a tudo imóvel. E cada
vez mais encolhido.
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