São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

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ANÁLISE

Republicana arrisca futuro político com manobra

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Depois de a grande promessa jovem republicana, o governador da Louisiana, Bobby Jindal, decepcionar com performances medíocres na TV, e seu colega da Carolina do Sul, Mark Sanford, brindar o mundo com uma sequência de entrevistas desmioladas sobre sua infidelidade, é a vez de a governadora do Alasca, Sarah Palin, balançar o pódio dos possíveis pré-candidatos da oposição à disputa pela Casa Branca em 2012.
Há pouco mais de dez meses, ela era introduzida na cena nacional e chocava o mundo político ao ser anunciada como a candidata a vice de John McCain. Logo, conquistou a base mais conservadora do partido e agregou valor à chapa. Agora, obtém o mesmo efeito-surpresa ao dizer que não só não concorrerá à reeleição em seu Estado como renunciará.
Mas o sinal é invertido. Num pronunciamento errático, em que não foram permitidas perguntas dos repórteres, ela não deu motivos plausíveis para sua decisão. Citou a perseguição da imprensa a sua família; a vontade de fazer mais "pelo Alasca e pelo país" fora do governo; o "apoio às tropas"; e até a enquete doméstica que realizou com o marido e os filhos -todos a favor de sua renúncia.
A decisão embasbacou analistas e estrategistas políticos de ambos os lados. A melhor hipótese, diziam, é que ela aproveitará a ausência de obrigações oficiais para se fazer mais conhecida nacionalmente, levantar fundos, divulgar seu livro de memórias e conquistar o establishment republicano, que nunca a engoliu.
Outros cogitavam um escândalo prestes a aparecer -a renúncia seria assim preventiva-; um desequilíbrio psicológico, decorrência de uma depressão pós-parto; um desejo de "volta por cima". Esse último seguiria um roteiro familiar aos brasileiros, com toques do imaginado pelo presidente Jânio Quadros (1917-1992), que renunciou em 1961.
Palin sai culpando, não as "forças terríveis" de Janio, mas o preconceito das grandes cidades costeiras progressistas contra ela, uma "americana verdadeira". Renuncia, tenta o Senado em 2010 e volta em 2012, "nos braços do povo", como a cabeça-de-chapa republicana na disputa pela Presidência.
O problema com essa hipótese é sua fragilidade: uma das críticas feitas a ela na corrida do ano passado era a falta de experiência executiva. Interromper seu primeiro mandato como governadora reforça a crítica e passa a impressão de instabilidade, outra crítica feita à chapa McCain-Palin.
Enquanto isso, o Partido Republicano, que há menos de três anos tinha a Casa Branca e o Congresso e divulgava o sonho da "maioria permanente" assiste a tudo imóvel. E cada vez mais encolhido.


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