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Guerra no Oriente Médio
Hizbollah mata 8 civis e ameaça Tel Aviv
Baixas israelenses são as piores em 23 dias de conflito; Israel sobe tom da escalada e estuda adentrar 20 km no Líbano
Pelo menos quatro soldados de Israel são mortos em confronto com o grupo xiita; em discurso, Nasrallah abre possibilidade de cessar-fogo
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TEL AVIV
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO VALE DO BEKAA
Doze israelenses -oito civis
e quatro soldados- foram mortos ontem em ataques do Hizbollah. É o maior número de
baixas do país desde o início do
conflito com o grupo terrorista,
que mantém o poder de fogo
apesar de 23 dias de ofensiva no
Líbano. A retórica de ameaças
cresceu dos dois lados: o Hizbollah ameaça atacar Tel Aviv, e
Israel, avançar 20 km em território libanês e destruir ainda
mais a infra-estrutura do país.
O líder do Hizbollah, Hassan
Nasrallah, ameaçou lançar mísseis contra Tel Aviv, a maior cidade israelense, se Israel voltar
a bombardear Beirute. Mas, no
pronunciamento gravado e
transmitido por TV e rádio no
Líbano, Nasrallah também ofereceu, pela primeira vez, a possibilidade de um cessar-fogo.
"Se vocês bombardearem
nossa capital, Beirute, nós
bombardearemos a capital de
sua entidade usurpadora", disse Nasrallah. "Bombardearemos Tel Aviv. A resistência islâmica tem essa capacidade, com
a ajuda de Deus", disse o líder
xiita. Jerusalém é a capital oficial de Israel, embora seja reconhecida por poucos países.
A inteligência israelense admite que o Hizbollah tenha
mísseis com alcance para acertar Tel Aviv. Já foram posicionadas baterias norte-americanas antimísseis ao norte da cidade, mas o ritmo de vida continua normal, sem sinais da guerra a 130 km de distância.
Mas a ameaça de Nasrallah
foi acompanhada de uma primeira abertura para terminar o
conflito. "Em qualquer momento que vocês decidirem parar sua campanha contra nossas cidades, civis e infra-estrutura, nós deixaremos de disparar foguetes contra qualquer
assentamento ou cidade israelense", disse no pronunciamento, acompanhado com
grande interesse no Líbano.
Após o discurso, a rádio Nur,
do Hizbollah, abriu espaço para
telefonemas de ouvintes. A
maioria falou da ameaça de
Nasrallah, dando apoio ao ataque contra Tel Aviv. A proposta
de trégua foi quase ignorada.
Invasão
Fontes do Exército de Israel
disseram que, se o Hizbollah
cumprir a promessa, os militares vão destruir ainda mais a infra-estrutura libanesa. Já o ministro da Defesa israelense,
Amir Peretz, orientou o Exército a se preparar para invadir o
sul do Líbano até o rio Litani, a
mais de 20 km da fronteira. Israel afirma ter no momento selado uma faixa de segurança de
5 a 6 km em território libanês.
Se o Exército colocar em prática a ocupação até o rio, a faixa
de segurança será maior do que
a mantida de 1982 a 2000. A decisão de expandir a ação depende de aprovação do gabinete.
Caças israelenses bombardearam ontem pelo menos 70
alvos no Líbano. Os subúrbios
de Beirute, onde fica o quartel-general do Hizbollah, voltaram
a ser atingidos antes do discurso de Nasrallah, além de estradas no vale do Bekaa, perto da
fronteira síria. A artilharia de
Israel também manteve os disparos contra o sul do Líbano.
Segundo fontes libanesas, dois
civis morreram perto de Tiro e
um em Baalbek, no Bekaa.
O país voltou a lançar panfletos no sul e nos subúrbios xiitas
da capital advertindo a população a deixar o local.
Em Israel, entre os civis mortos ontem pelo Hizbollah, três
são árabes. O grupo disparou
mais de 150 foguetes em menos
de uma hora. Na quarta-feira,
lançou cerca de 210. Outros
quatro civis israelenses sofreram ferimentos graves nos disparos do Hizbollah contra as cidades de Acre, Hurfeish e Kriyat Shmone, e quatro soldados
foram mortos em um tanque
atingido por um míssil do Hizbollah no sul do Líbano.
O premiê Ehud Olmert quer
uma força internacional de pelo menos 15 mil homens no sul
do Líbano, formada por "soldados de verdade, preparados para implementar a resolução da
ONU [de desarmar o HIzbollah]". Olmert repetiu em entrevista à imprensa britânica
que não parará a ofensiva até o
envio da força internacional, e
desafiou Nasrallah.
"Se ele é tão corajoso, porque
não aparece? Por que tem medo de sentir a luz do sol?"
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