São Paulo, terça-feira, 04 de agosto de 2009

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Congresso diz estar "incapacitado" para julgar volta de Zelaya

Presidente golpista diz que deposto nunca poderá voltar ao cargo por haver desistido de negociações

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA (HONDURAS)

O Congresso hondurenho aprovou ontem um relatório no qual se diz incapacitado para decidir sobre o retorno de Manuel Zelaya ao Executivo do país. A decisão lança ainda mais incertezas sobre a viabilidade de um regresso negociado do presidente deposto.
O relatório afirma que a volta de Zelaya teria de ser feita "em acatamento às decisões jurisdicionais". Ou seja, como foi o Tribunal Supremo de Justiça quem determinou a destituição de Zelaya em 28 de junho -na versão do governo interino-, cabe ao mesmo órgão do Judiciário reverter a decisão.
Por outro lado, o relatório afirma que o Congresso poderia dar uma anistia política ao presidente deposto desde que haja um acordo entre ele e o governo interino. Mas Zelaya já abandonou as negociações intermediadas pela Costa Rica, declarando-as "fracassadas".
O presidente golpista, Roberto Micheletti, assegurou que Zelaya "nunca" poderá voltar ao poder por ter abandonado as negociações em San José.
"O presidente anterior nunca poderá voltar a assumir a Presidência, por ter declarado fracassada a mediação e a opção negociada", disse Micheletti, por meio de nota oficial.
Buscando demonstrar que se sente consolidado no cargo, Micheletti visitou ontem pela primeira vez desde que assumiu como presidente interino, em 28 de junho, o principal centro econômico de Honduras, a cidade de San Pedro Sula (250 km de Tegucigalpa), a segunda maior e principal centro econômico do país. Lá, buscou tratar de temas alheios à crise política, como carga tributária e Orçamento.
Já as manifestações em favor de Zelaya se resumiram a uma pequena concentração de professores, em Tegucigalpa.
Ontem, o toque de recolher só permanecia em vigor nas regiões fronteiriças à Nicarágua, onde Zelaya promete organizar um "exército popular", embora já tenha deixado a região desde quinta.
O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, anunciou ontem que um grupo de diplomatas da OEA (Organização dos Estados Americanos) viajará a Tegucigalpa para tentar convencer Micheletti a aceitar o retorno de Zelaya ao poder.


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