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Congresso diz estar "incapacitado" para julgar volta de Zelaya
Presidente golpista diz que deposto nunca poderá voltar ao cargo por haver desistido de negociações
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
(HONDURAS)
O Congresso hondurenho
aprovou ontem um relatório no
qual se diz incapacitado para
decidir sobre o retorno de Manuel Zelaya ao Executivo do
país. A decisão lança ainda mais
incertezas sobre a viabilidade
de um regresso negociado do
presidente deposto.
O relatório afirma que a volta
de Zelaya teria de ser feita "em
acatamento às decisões jurisdicionais". Ou seja, como foi o
Tribunal Supremo de Justiça
quem determinou a destituição
de Zelaya em 28 de junho -na
versão do governo interino-,
cabe ao mesmo órgão do Judiciário reverter a decisão.
Por outro lado, o relatório
afirma que o Congresso poderia dar uma anistia política ao
presidente deposto desde que
haja um acordo entre ele e o governo interino. Mas Zelaya já
abandonou as negociações intermediadas pela Costa Rica,
declarando-as "fracassadas".
O presidente golpista, Roberto Micheletti, assegurou que
Zelaya "nunca" poderá voltar
ao poder por ter abandonado as
negociações em San José.
"O presidente anterior nunca
poderá voltar a assumir a Presidência, por ter declarado fracassada a mediação e a opção
negociada", disse Micheletti,
por meio de nota oficial.
Buscando demonstrar que se
sente consolidado no cargo,
Micheletti visitou ontem pela
primeira vez desde que assumiu como presidente interino,
em 28 de junho, o principal
centro econômico de Honduras, a cidade de San Pedro Sula
(250 km de Tegucigalpa), a segunda maior e principal centro
econômico do país. Lá, buscou
tratar de temas alheios à crise
política, como carga tributária
e Orçamento.
Já as manifestações em favor
de Zelaya se resumiram a uma
pequena concentração de professores, em Tegucigalpa.
Ontem, o toque de recolher
só permanecia em vigor nas regiões fronteiriças à Nicarágua,
onde Zelaya promete organizar
um "exército popular", embora
já tenha deixado a região desde
quinta.
O presidente da Costa Rica,
Óscar Arias, anunciou ontem
que um grupo de diplomatas da
OEA (Organização dos Estados
Americanos) viajará a Tegucigalpa para tentar convencer
Micheletti a aceitar o retorno
de Zelaya ao poder.
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