São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

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Sarkozy busca reaproximar regime sírio e Ocidente

Primeiro líder ocidental a visitar Damasco em três anos, presidente da França elogia Síria, mas também negocia venda de aviões

DA REDAÇÃO

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, iniciou ontem uma visita de dois dias à Síria que pretende aliviar o isolamento imposto pelo Ocidente a Damasco e reforçar o papel da França no Oriente Médio.
Sarkozy é o primeiro chefe de Estado ocidental a visitar o país desde que os EUA atribuíram ao governo sírio o atentado que matou o premiê libanês Rafik Hariri, em 2005. Washington também acusa a Síria de apoiar grupos anti-Israel como o palestino Hamas e o libanês Hizbollah e de ter uma agenda externa a serviço do Irã.
"A Síria tem tomado as decisões que o mundo espera dela até retomar seu lugar no concerto das nações", disse Sarkozy ao jornal sírio "Al Watan".
Os avanços mencionados pelo presidente francês são o recente reconhecimento pela Síria da soberania do Líbano, após três décadas de tutela, e a disposição de Damasco em negociar um acordo de paz com Israel para recuperar as colinas de Golã, ocupadas pelo Exército israelense desde 1967.
Os dois assuntos serão discutidos hoje em encontro que reunirá em Damasco, além de Sarkozy e do presidente sírio, Bashar Assad, os mandatários de Turquia e Qatar. Os quatro países querem coordenar sua atuação no Oriente Médio.
O analista Imad Sheaiby, do Centro de Estudos Estratégicos sírio, afirma que "todos entenderam que a Síria é a porta de entrada" para a região. "Os EUA buscam uma estratégia de saída para os seus problemas no Oriente Médio e pediram ajuda à França", avalia. Outros analistas afirmam que o Ocidente busca afastar a Síria da influência iraniana.
A França, que também havia se distanciado da Síria em 2005, tomou a dianteira da reaproximação quando Sarkozy convidou Assad ao desfile de 14 de julho, festa nacional da França, privilégio dos aliados mais próximos de Paris.
O governo francês também é motivado por interesses econômicos, já que a Airbus negocia um contrato para a renovação da frota da estatal Syrian Airlines. Mas a Casa Branca, que mantém um embargo comercial à Síria, poderia sancionar a empresa francesa com o fim das conversas sobre US$ 35 bilhões em contratos com a Força Aérea dos EUA -os Airbus têm componentes americanos.

Rice na Líbia
Interesses econômicos também impulsionam a reaproximação dos EUA com outro ex-pária, a Líbia, rica em petróleo. A secretária de Estado Condoleezza Rice será recebida amanhã pelo líder Muammar Gaddafi, na primeira visita de um alto representante americano ao país em meio século.
O encontro coroa processo iniciado em 2003, quando Gaddafi desativou programa de armas de destruição em massa e prometeu indenizar famílias das vítimas de atentados atribuídos a ele nos anos 80. A contrapartida foi o fim do embargo comercial e a volta das relações diplomáticas com os EUA.

Com agências internacionais



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