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Narcotráfico pode atrapalhar eleição no Haiti, diz ONU
Relatório aponta aumento na circulação de armas de fogo e nos carregamentos de drogas no país caribenho
Mais de 1,3 milhão de desabrigados estão vulneráveis a políticos oportunistas, ainda segundo o documento
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
As eleições presidenciais e
legislativas no Haiti, previstas para novembro, podem
estar sendo influenciadas
por dinheiro de organizações
criminosas envolvidas com
tráfico de drogas, segundo
relatório da ONU divulgado
por agências de notícias internacionais e pelo site oficial das eleições do Haiti.
O documento diz ainda
que a Minustah (Missão das
Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) identificou
um aumento nos carregamentos de drogas e na circulação de armas de fogo no
país após o terremoto do dia
12 de janeiro.
A missão constatou também que a infraestrutura
usada por traficantes internacionais de drogas -como
pistas de pouso e portos clandestinos- não foram abaladas pelo terremoto que devastou no país.
Segundo a agência de notícias Efe, o documento é um
relatório preparado por Edmond Mulet, representante
especial no Haiti do secretário-geral da ONU, e enviado
para o Conselho de Segurança -que se reunirá para discutir o problema do país no
dia 13 de setembro.
ROTA
O Haiti é um dos principais
entrepostos da rota da cocaína que sai da Colômbia em
direção aos Estados Unidos.
Estimativas da UNPOL, a polícia das Nações Unidas,
mostram que entre oito e dez
toneladas de cocaína passavam por mês pelo país na
época do terremoto.
O entorpecente chega da
América do Sul em pequenos
aviões ou lanchas rápidas e
fica armazenado em mansões -verdadeiras fortalezas
de traficantes no norte do
país-, até seguir em barcos
pesqueiros e lanchas até a
costa americana.
Para não serem incomodados, os traficantes financiariam políticos e policiais corruptos do Haiti, segundo as
suspeitas da UNPOL.
Com mais de 470 mortos e
200 desaparecidos no terremoto, a Polícia Nacional haitiana está mais voltada para
recompor seus quadros e garantir a paz nos campos de
desabrigados do que em investigar e prender os traficantes.
DESABRIGADOS
O relatório também expressa a preocupação de Ban
Ki-moon, o secretário geral
da ONU, sobre a vulnerabilidade, a políticos e criminosos oportunistas, de uma população de 1,3 milhão de pessoas que perderam suas casas e vivem hoje em aproximadamente 1.300 campos de
desabrigados.
O documento diz que Ban
teme que a campanha eleitoral "se veja manchada" por
dinheiro procedente de organizações criminosas.
"Essas eleições devem ser
legítimas se querem obter
um presidente e um governo
dotados de um mandato claro e indiscutível para encabeçar a reconstrução", afirma
Ban no documento. Para ele,
"a estabilidade política é essencial para a recuperação
do progresso econômico".
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