São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2010

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Narcotráfico pode atrapalhar eleição no Haiti, diz ONU

Relatório aponta aumento na circulação de armas de fogo e nos carregamentos de drogas no país caribenho

Mais de 1,3 milhão de desabrigados estão vulneráveis a políticos oportunistas, ainda segundo o documento


LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

As eleições presidenciais e legislativas no Haiti, previstas para novembro, podem estar sendo influenciadas por dinheiro de organizações criminosas envolvidas com tráfico de drogas, segundo relatório da ONU divulgado por agências de notícias internacionais e pelo site oficial das eleições do Haiti.
O documento diz ainda que a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) identificou um aumento nos carregamentos de drogas e na circulação de armas de fogo no país após o terremoto do dia 12 de janeiro.
A missão constatou também que a infraestrutura usada por traficantes internacionais de drogas -como pistas de pouso e portos clandestinos- não foram abaladas pelo terremoto que devastou no país.
Segundo a agência de notícias Efe, o documento é um relatório preparado por Edmond Mulet, representante especial no Haiti do secretário-geral da ONU, e enviado para o Conselho de Segurança -que se reunirá para discutir o problema do país no dia 13 de setembro.

ROTA
O Haiti é um dos principais entrepostos da rota da cocaína que sai da Colômbia em direção aos Estados Unidos. Estimativas da UNPOL, a polícia das Nações Unidas, mostram que entre oito e dez toneladas de cocaína passavam por mês pelo país na época do terremoto.
O entorpecente chega da América do Sul em pequenos aviões ou lanchas rápidas e fica armazenado em mansões -verdadeiras fortalezas de traficantes no norte do país-, até seguir em barcos pesqueiros e lanchas até a costa americana.
Para não serem incomodados, os traficantes financiariam políticos e policiais corruptos do Haiti, segundo as suspeitas da UNPOL.
Com mais de 470 mortos e 200 desaparecidos no terremoto, a Polícia Nacional haitiana está mais voltada para recompor seus quadros e garantir a paz nos campos de desabrigados do que em investigar e prender os traficantes.

DESABRIGADOS
O relatório também expressa a preocupação de Ban Ki-moon, o secretário geral da ONU, sobre a vulnerabilidade, a políticos e criminosos oportunistas, de uma população de 1,3 milhão de pessoas que perderam suas casas e vivem hoje em aproximadamente 1.300 campos de desabrigados.
O documento diz que Ban teme que a campanha eleitoral "se veja manchada" por dinheiro procedente de organizações criminosas.
"Essas eleições devem ser legítimas se querem obter um presidente e um governo dotados de um mandato claro e indiscutível para encabeçar a reconstrução", afirma Ban no documento. Para ele, "a estabilidade política é essencial para a recuperação do progresso econômico".


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