São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

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História explica má vontade da Áustria com intenção turca

STEPHEN CASTLE
DO "INDEPENDENT"

As opiniões ao redor da Europa podem estar divididas no que tange ao ingresso da Turquia na União Européia. Mas, na Áustria, há poucos indícios de um verdadeiro debate, pois a história traz a lembrança dolorida de um nervo exposto.
Em 1683, o Exército otomano de Kara Mustafa Pasha foi derrotado nas portas de Viena, naquilo que foi o último esforço turco para se apoderar da cidade.
A capital austríaca possui tantas recordações da batalha e o episódio é tão forte na consciência nacional que jornais agora caracterizaram o esforço de Ancara como um novo cerco de Viena.
A Áustria está apadrinhando a candidatura à UE da cristã Croácia, num processo até ontem congelado em razão da má vontade de Zagreb em prender e entregar criminosos de guerra.
O impasse foi desbloqueado ontem, quando o tribunal da ONU para a ex-Iugoslávia disse que a Croácia voltava a cooperar. Com isso, a UE aceitou reabrir negociações.
O fato é que a tentativa de bloquear a Turquia se tornou um trunfo para o chanceler Wolfgang Schüssel.
Nos demais países da Europa o peso da história também acaba influenciando o debate. A França, por exemplo, com a maior população de descendentes de armênios, tem às vezes relações difíceis com a Turquia
Em 2001 o Parlamento francês formalmente reconheceu o genocídio contra os armênios, durante o colapso do Império Otomano, o que provocou reações iradas de Ancara.
Na Alemanha, com a maior comunidade de imigrantes turcos, as negociações também são questão controvertida. Angela Merkel, líder conservadora, apoiou a sugestão austríaca de só dar à Turquia uma "associação privilegiada".


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