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EUA
Harriet Miers, 60, é a conselheira legal da Casa Branca e nunca foi juíza; para analistas, efeito de indicações persistirá por décadas
Bush indica sua advogada para o Supremo
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, voltou-se mais uma vez
para seu círculo próximo e indicou ontem a conselheira legal da
Casa Branca e sua ex-advogada
pessoal para preencher a vaga
aberta em julho por Sandra Day
O'Connor na Suprema Corte
americana. Harriet Miers, 60, tem
30 anos de experiência como advogada mas nenhum como juíza.
A última vez em que alguém
sem experiência foi indicado foi
em 1972, quando Richard Nixon
nomeou William Rehnquist, depois alçado à presidência da junta.
Rehnquist morreu sem setembro
e foi substituído pelo também
conservador John Roberts, empossado ontem.
A falta de experiência na magistratura não prejudica o exercício
da função, mas faz de Miers uma
grande incógnita. Sem histórico,
suas posições só virão à tona após
a sabatina pelo Comitê Judiciário
do Senado. "Sabemos muito pouco sobre ela. Foi escolhida por ser
muito próxima do presidente há
anos", afirmou Herman
Schwartz, professor da Escola de
Direito da American University.
"Miers é conselheira da Casa
Branca e, como tal, tem o papel de
defender as políticas do presidente. Não conhecemos suas opiniões particulares", disse Viktor
Mayer-Schoenberger, professor
da Kennedy School of Government, (Universidade Harvard) e
especialista em Suprema Corte.
Schoenberger não acredita, no
entanto, que a proximidade da
Casa Branca faça de Miers um
fantoche do presidente. "Ela é
uma precursora entre as mulheres, e quebrar a dominação masculina nessa profissão requer força de vontade e confiança própria.
Ela não será pilotada facilmente."
Schoenberger não se arrisca a
dizer se Miers será aprovada, mas
acredita que os democratas a verão como "o menor dos males",
dentre os nomes cogitados para a
nona vaga do Supremo.
Embora sem histórico, espera-se que ela atue como moderada.
Isso frustrou os conservadores radicais, que esperavam do presidente um nome tão ou mais linha-dura que o de Roberts. "Eles
estão fervendo por conta do que
vêem como traição das promessas de campanha de Bush", afirmou Stuart Taylor, especialista
em Suprema Corte do Instituto
Brookings (Washington).
Com a dupla indicação de Roberts e Miers, ambos jovens, Bush
inclina a máxima instância jurídica do país um pouco mais para direita e imprime sua marca por décadas, de uma forma que seu sucessor dificilmente conseguirá alterar. "Se o próximo presidente
for democrata, o único juiz que
provavelmente ele conseguirá
trocar é John Paul Stevens, um liberal", observou Schoenberger.
Pit bull de saias
Se aprovada, Miers será a terceira mulher a integrar o Supremo
americano, depois de O'Connor e
Ruth Ginsburg, ainda no cargo.
Após se formar, em 1972, ela
atuou em um grande escritório de
advocacia no Texas, o Locke, Purnell, Raine and Harrell, onde chegou a sócia-administradora. Saiu
em 1999, tendo sido eleita a primeira mulher a presidir a Ordem
dos Advogados do Estado.
Foi advogada de Bush, que já a
definiu como "um pit bull em sapatos 36" e, que, ao assumir a presidência, levou-a com ele.
Ainda que penda para a direita,
Miers pode exercer o mesmo papel de "fiel da balança" que sua
predecessora. "O'Connor originalmente era uma conservadora
radical. Mas, com o Supremo tornando-se mais radical, o conservadorismo moderado dela virou
o centro. O mesmo pode ocorrer
com Miers", disse Schoenberger.
Para ele, a escolha de Bush seria
justificada pela expectativa de
uma rápida aprovação pelo Senado. "É melhor para ele ter uma
conservadora moderada do que
apenas oito juízes na Corte."
DeLay
O ex-líder dos republicanos no
Senado, Tom DeLay, foi indiciado
por um júri do Texas sob nova
acusação de lavagem de dinheiro.
Na semana passada, DeLay, homem-forte de Bush, fora indiciado por conspiração e levado a deixar a liderança de sua bancada.
Ambas as acusações remontam
à campanha de 2002 para o Senado, na qual DeLay e dois sócios teriam usado um grupo de ativismo
para arrecadar doações para o
Comitê Nacional Republicano.
Com agências internacionais
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