São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Explosão em carro mata 7 russos na Ossétia do Sul

Veículo, de registro georgiano, era vistoriado em base da Rússia na capital, Tskhinvali

Moscou e governo separatista responsabilizam Tbilisi, que, por sua vez, acusa o Kremlin de querer abortar retirada; 2 ocupantes do carro morreram

DA REDAÇÃO

Ao menos sete soldados russos morreram ontem, e entre 3 e 7 ficaram feridos na explosão de um carro no quartel das forças de paz da Rússia em Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, região autonomista da Geórgia pivô do conflito que opôs Moscou a Tbilisi no começo de agosto. Os dois civis que estavam no carro, de registro georgiano, também morreram.
Segundo relatos de agências de notícias russas, as tropas do país patrulhavam o vilarejo de Disevi, localizado na zona de segurança criada por Moscou no entorno da Ossétia do Sul, em território georgiano, quando interceptaram dois veículos com quatro civis que portavam armas de fogo leves e granadas e os levaram até Tskhinvali.
Após serem conduzidos à base russa na capital ossetiana, os carros estavam sendo submetidos a uma vistoria quando um deles explodiu. Seis soldados morreram na hora, e um, no hospital. O edifício da base e residências em até 500 metros foram danificados.
O episódio ocorre no momento em que a missão de paz liderada pela União Européia começa a patrulhar o entorno da Ossétia do Sul e da Abkházia, a outra região separatista da Geórgia, conforme compromisso obtido pelo francês Nicolas Sarkozy, que ocupa a presidência rotativa da UE, com o russo Dmitri Medvedev.
Pelo plano, até o próximo dia 10, a Rússia deve recuar suas tropas para dentro das regiões separatistas, cuja independência reconheceu no fim de agosto. Moscou já informou que pretende manter 7.600 "soldados de paz" na Ossétia do Sul e na Abkházia indefinidamente.
O governo russo condenou o "ato terrorista", que disse ser destinado a "minar os esforços contemplados pelo plano Medvedev-Sarkozy". O porta-voz das tropas de paz na região, Vitali Manushko, porém, manteve o cronograma de retirada. "Creio que os postos serão entregues no prazo estabelecido."
O dirigente máximo da Ossétia do Sul, Eduard Kokoiti, acusou Tbilisi. "Os últimos atentados terroristas demonstram que a Geórgia não renuncia a sua política de terrorismo de Estado. Nossos serviços secretos têm informações de que os serviços especiais georgianos prepararam 18 veículos carregados de explosivos."
O governo georgiano negou participação e devolveu as acusações. "Trata-se de uma provocação urdida pelos russos ou pelos ossetianos a fim de abortar a retirada das forças russas da zona de segurança. O carro explodiu na base das tropas russas. Não podemos ter nada a ver com isso", disse o Ministério do Interior da Geórgia.
O conflito na Ossétia do Sul teve início quando Tbilisi tentou retomar o controle da região autonomista, na prática desde 1992 sob protetorado russo, ao que Moscou respondeu ocupando-a e avançando em território georgiano. Após seis dias, foi acertado o frágil cessar-fogo sob mediação européia, cujos termos dão margem a interpretações conflitantes.


Com agências internacionais

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