São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DEBATE DOS VICES

Palin sobrevive sem afetar cenário

Embora vice republicana tenha amenizado críticas, sua performance teria de ser extraordinária para ajudar McCain

Com desempenho aceitável de governadora, candidato pode focar outros aspectos de sua campanha, abalada pela crise e por caixa menor

Stephen Crowley/"The New York Times"
McCain conversa com simpatizante usando camiseta de Palin no Colorado; foco deve sair da vice

ADAM NAGOURNEY
DO "NEW YORK TIMES"

Sarah Palin conseguiu passar pelo debate vice-presidencial de anteontem nos EUA sem causar danos à chapa republicana. E, ao sobreviver ao embate com o democrata Joe Biden e calar parte dos comentários sobre suas qualificações, ela pode até ter ajudado o cabeça-de-chapa, John McCain, liberando-o para tratar de outros problemas em sua campanha.
O debate não foi a noite péssima que muitos republicanos temiam. Mas tampouco assinalou a virada pela qual a campanha de McCain torcia, após o democrata Barack Obama ganhar a dianteira na corrida. Ainda assim, McCain enfrenta um ambiente difícil, a apenas um mês da eleição -o que admitiu na quinta, ao fechar sua campanha de Michigan, Estado de maioria democrata onde sua equipe antes via com otimismo as chances republicanas.
"Isso vai ajudar a estancar o sangramento", disse o consultor republicano Todd Harris, que trabalhou para McCain em sua primeira campanha presidencial, em 2000. "Mas não será o bastante, por si só, para modificar a tendência atual, especialmente em alguns dos Estados que estão em disputa."
A não ser que tivesse tido uma performance excepcional ou que houvesse uma grande gafe de Biden, que embora erre com alguma freqüência teve desempenho impressionante pela sagacidade, provavelmente havia pouco que Palin poderia ter feito por McCain.
Desde o debate presidencial da semana passada, pesquisas colocam Obama na dianteira, e a vantagem financeira da campanha democrata obrigou McCain a lutar em Estados a princípio republicanos e a tomar o tipo de decisão de triagem (como foi em Michigan). Além disso, a crise financeira no país levou a discussão presidencial para um terreno que favorece os democratas, e, no debate Biden, fez questão de ligar o problema ao Partido Republicano.
Apesar de o Congresso ter aprovado o pacote de resgate, as notícias econômicas negativas não devem parar. "Durante mais de um ano, as pessoas acharam que, se Obama fosse o candidato democrata, a campanha seria um referendo sobre ele", disse Harris.
"A crise fez da campanha um referendo sobre quem pode nos tirar do caos." Agora McCain parece desconcertado em busca de uma mensagem e uma forma de apresentar um argumento contra Obama, e, em vários momentos, mostrou frustração com o rumo da corrida.

Pouco
Palin pode reivindicar duas vitórias no debate, embora ambas modestas: ela não repetiu as respostas trôpegas de suas entrevistas com Katie Couric na rede CBS (ainda que muitas de suas respostas não tenham respondido às perguntas, sobretudo se comparadas às de Biden); e sua performance animada e combativa pode ter infundido ânimo nos conservadores, muitos dos quais foram do êxtase ao desespero entre sua indicação e as entrevistas.
Um candidato a vice poderia ter usado o debate para atacar Obama e converter a noite em um referendo sobre ele. Palin tentou. Mas, desde que McCain a apresentou ao país de forma explosiva, Palin ganhou tanta atenção que o debate só poderia girar em torno dela.
Se esta corrida presidencial seguir os padrões típicos, as pessoas já devem estar tomando suas decisões -e, novamente, se esta eleição seguir os padrões normais, estarão decidindo entre as duas pessoas que lideram as chapas.
"Neste momento estamos numa corrida que está começando a se solidificar uma vantagem de cinco ou seis pontos percentuais para Obama", disse Matthew Dowd, estrategista-chefe de George W. Bush em 2004. "Cada dia que passa com essa vantagem em pé não é um bom dia para McCain."
Foi por isso, disse Dowd, que uma performance adequada de Palin foi menos do que McCain precisava e provavelmente será esquecida antes de os candidatos presidenciais se encontrarem para seu segundo debate, na próxima terça, em Nashville.


Tradução de CLARA ALLAIN


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