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Após motim, Correa quer "radicalizar" socialismo
Ministra Doris Soliz diz à Folha que nova lei agrária é uma "prioridade"
Doris Soliz reconhece problemas na lei que gerou levante policial, mas diz que forças do governo devem se unir
DA ENVIADA A QUITO (EQUADOR)
Nem o levante policial contra Rafael Correa nem os embates do presidente do Equador com sua bancada
no Congresso frearão os planos do governo socialista de
"radicalizar sua revolução cidadã" nos próximos meses.
Quem diz é a ministra da
Coordenação Política, Doris
Soliz, braço direito de Correa
e responsável pela relação
entre o Executivo e o governista Aliança País, uma colcha de movimentos sociais e
partidos esquerdistas.
"Estamos concentrados
em duas frentes pelas quais
vamos radicalizar nossa revolução cidadã: a produtiva
e a agrária", afirmou a ministra, em entrevista à Folha.
Duas leis sobre o tema serão enviadas à Assembleia
Nacional nas próximas semanas. Antes, o governo
quer aprovar o Código de Planejamento e Finanças, que
definirá, entre outros pontos,
o nível de endividamento do
governo. O projeto tem caráter de urgência.
O chamado do presidente
equatoriano a radicalizar sua
revolução tem pouco a ver
com o do aliado venezuelano
Hugo Chávez.
Para o economista equatoriano com formação nos
EUA, seu governo significa
"o fim da noite neoliberal", e
não uma mudança de modelo econômico, como pregado
por Chávez.
O programa de Correa se
traduz em controle do petróleo, fortalecimento e reforma
do Estado e um anseio por
maior controle da política
monetária -impossível num
país de economia dolarizada,
condição que a "revolução
cidadã" não mudou.
MAIORIA FRÁGIL
As mudanças precisam de
apoio de dois terços da Assembleia, onde o governo
tem apenas maioria simples
(63 das 124 cadeiras). Pior:
enfrenta problemas em sua
bancada.
"As mudanças que propomos, estamos conscientes,
são polêmicas. Mas repito o
que disse o presidente: "Fomos eleitos para mudar esse
país, não para ficar bem com
todo mundo'", diz.
"E se tivermos que apostar
nosso capital político nessas
coisas, apostaremos."
O ministro da Segurança
Externa e Interna, Miguel
Carvajal, também do núcleo
duro de Correa, ecoa a ministra: "Antes de quinta [dia do
levante] havia um processo
de mudança. Agora haverá
um muito mais forte".
A rebelião policial que degringolou na agressão ao
presidente Correa -que ele
classifica como tentativa de
golpe- teve como base uma
crise latente no Parlamento,
que levou o governo a cogitar
dissolver a Assembleia e convocar eleições, a chamada
"morte cruzada".
A ideia está descartada,
diz a ministra Soliz, mas o
problema de fundo permanece.
(FLÁVIA MARREIRO)
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