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Economia deve manter problemas
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia americana continuará crescendo nos próximos
trimestres. George W. Bush não
fará mudanças bruscas na política
econômica e uma das grandes
preocupações dos economistas, o
déficit público, continuará na lista
dos problemas não resolvidos pelo governo, avaliam analistas.
O presidente Bush conseguiu algo um tanto quanto inédito na
área econômica: enquanto economistas acadêmicos avaliam muita
mal seu desempenho, os analistas
de mercado se desmancham em
elogios à tendência "pró-business" do presidente republicano.
A chave para entender a aparente contradição está na reforma fiscal do presidente, que fez nada
menos do que três cortes de impostos desde que foi eleito em
2000. Desnecessário dizer que
menos impostos significa, pelo
menos para quem está no mundo
dos negócios, boa política. O argumento é simples, quanto menos o governo tira do setor privado, mais recursos sobram para investimento e consumo privados.
É também a política fiscal que
atormenta a maioria dos economistas. Eles não são contra cortes
de impostos, mas as reduções
ocorrem justamente em período
em que o governo decidiu gastar
mais, já que a guerra contra o terrorismo custa caro. O resultado:
enquanto em 2000 se discutia o
que fazer com o dinheiro que sobrava, hoje a discussão é sobre como pagar uma conta que eqüivale
a US$ 412,6 bilhões, quase uma
economia brasileira inteira.
"O déficit continuará piorando
muito no futuro. Eu não acho que
Bush tenha um compromisso sério com a disciplina fiscal", diz
Jeffrey Frankel, de Harvard.
Como Frankel, a maioria dos
economistas diz não acreditar
que uma próxima administração
Bush se destacará por tentar diminuir o déficit. No início do mês
passado, por exemplo, em pesquisa com 56 economistas feita
pela revista "The Economist",
apenas 18% diziam que Bush seria
mais propenso do que John Kerry
a promover a disciplina fiscal.
O déficit, no entanto, não deve
atrapalhar o desempenho econômico norte-americano, na avaliação de James Glassman, economista do JP Morgan. Segundo ele,
o saldo negativo é explicado por
dois fatores: um ativismo intencional do governo para aquecer a
economia e o desempenho ruim
da arrecadação, não pelo corte de
impostos, mas pelos períodos recessivos dos últimos quatro anos.
"No curto prazo, acho que a
economia precisava desse ativismo, para ajudar na recuperação.
O desempenho das contas fiscais
deve melhorar com a aceleração
econômica", diz Glassman.
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