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Mulheres são mortas em ação israelense
Convocadas por rádio do Hamas, palestinas formaram escudo humano para ajudar fuga de 60 radicais de mesquita em Gaza
Israelenses dizem que alvos dos disparos eram homens armados que se esconderam entre as mulheres; operação deixou 30 mortos em 3 dias
DA REDAÇÃO
Tropas israelenses dispararam contra um grupo de mulheres palestinas que se aproximavam de uma mesquita em
Beit Hanoun, na faixa de Gaza,
depois de convocadas a ajudar
na fuga de integrantes de grupos radicais que aí se escondiam. Ao menos duas mulheres
foram mortas e cerca de dez ficaram feridas, segundo fontes
hospitalares.
Parte dos homens fugiu. A
maioria pertencia ao grupo islâmico Hamas, responsável por
dezenas de atos terroristas
contra civis israelenses. Horas
mais tarde, Israel lançou uma
série de ataques aéreos em Beit
Hanoun, em Beit Lahiya e no
campo de refugiados de Jebaliya, deixando ao menos 16 mortos, entre integrantes de grupos
armados e civis.
Os ataques fazem parte de
uma operação na faixa de Gaza
que entrou ontem no terceiro
dia e já provocou mais de 30
mortes. O objetivo, segundo Israel, é impedir que grupos palestinos continuem lançando
foguetes contra o norte do território israelense. Israel retirou
suas colônias e bases de Gaza
no início do ano passado, mas
voltou a enviar militares ao território palestino após os lançamento de foguetes e o seqüestro de um soldado israelense,
em junho último.
As mulheres, que estavam
desarmadas, foram à mesquita
de Um al Nasir para formar um
escudo humano que permitisse
a entre 50 e 60 militantes escapar de um cerco das tropas israelenses que já durava 19 horas, em meio a intenso tiroteio.
Os homens haviam se escondido no local na noite de anteontem. O prédio foi cercado
por tanques, e soldados israelenses usaram alto-falantes para pedir a rendição dos militantes, lançando ainda bombas de
gás lacrimogêneo e granadas
para forçar a saída. Uma escavadeira derrubou uma das paredes da mesquita.
Convocação
Pela manhã, a rádio Al Aqsa,
do Hamas, convocou as mulheres para marchar em direção à
mesquita em apoio aos homens. Momentos depois, centenas de mulheres rumaram
para o local. Os tiros começaram quando elas se aproximavam. Imagens de TV mostraram muitas fugindo e uma delas caída no chão.
"Ouvimos o chamado para as
mulheres ajudarem os militantes e decidimos vir", disse Mona Abu Jasir, ferida na perna
por uma bala. "Não tínhamos
armas e estávamos caminhando para a mesquita quando fui
atingida."
Suhad el Masri disse que ela e
diversas outras mulheres levaram roupas e véus para dar aos
homens. "Levamos para que
eles pudessem se disfarçar de
mulheres e fugir."
O Exército israelense disse
que os tiros tinham por alvo homens armados que haviam se
escondido entre as mulheres e
que oito deles foram mortos. A
porta-voz militar, Avital Leibovich, disse que "talvez" uma
mulher tenha morrido. "Vimos
a multidão das mulheres. Atrás
delas, escondiam-se alguns dos
militantes. Alguns deles até estavam vestidos de mulheres, temos as imagens", disse Leibovich à rede britânica BBC. "Infelizmente, porque os militantes dispararam contra nossas
tropas, algumas vezes tivemos
de responder."
O premiê palestino, Ismail
Haniyeh, do Hamas, exortou o
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, a "testemunhar os massacres diários contra a nação
palestina". Ele também elogiou
as mulheres "que lideraram o
protesto para furar o cerco a
Beit Hanoun".
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, que pertence à organização secular Fatah, pediu em
nota que o Conselho de Segurança da ONU "intervenha
imediatamente para pôr fim à
agressão israelense contra a
faixa de Gaza e os massacres
que Israel está cometendo pelo
terceiro dia consecutivo".
Em nota, Annan instou Israel
a restringir suas ações e a proteger a população civil. Aos palestinos, pediu o fim dos disparos de foguetes contra alvos civis israelenses.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean
McCormack, disse que Israel
agiu para se defender.
Com agências internacionais e "The New York
Times"
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