|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em festa, Chicago reforça segurança
Obama fará discurso na cidade, seu berço político
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO (ILLINOIS)
Chicago está vestida de azul,
a cor do Partido Democrata, espalhada pelo centro e pela periferia em bandeiras e cartazes
com o rosto de Barack Obama,
que deverá ter uma vitória com
folga na cidade, assim como em
todo o Estado de Illinois. A expectativa dos eleitores é tão
evidente que a polícia local se
pergunta: o que acontecerá
com essa adrenalina se o democrata perder a eleição?
Com vitória ou derrota, a segurança será reforçada na cidade, berço político de Obama e
onde fará seu discurso pós-eleição no Grant Park, à beira do lago Michigan, quando já será
madrugada de quarta no Brasil.
Cerca de 70 mil pessoas sorteadas terão ingresso para entrar na área restrita do parque,
mas a prefeitura espera que 1
milhão se reúna no entorno, o
que deverá sobrecarregar o
transporte público, criando um
possível foco de tensão.
As linhas de trem que circulam ao lado do parque irão operar com menores intervalos, e
os ônibus ficarão disponíveis
por boa parte da madrugada.
Estações ao longo da cidade serão policiadas para evitar tumulto e superlotação.
Para os simpatizantes de
Obama, vê-lo não é apenas uma
festa. É "fazer história", como
disseram à Folha ontem diversos moradores da cidade, uma
das poucas metrópoles dos
EUA onde a população de negros praticamente se iguala à
de brancos, se considerados os
não-hispânicos.
O Serviço Secreto estará em
peso na cidade (em número
não revelado), e a polícia local
cancelou as folgas de todo seu
contingente, que se concentrará nos arredores do parque -a
periferia também será bem vigiada, dizem os jornais locais.
Até a Guarda Costeira estará
envolvida na operação de segurança, no lago Michigan. Bombeiros em folga foram instruídos a levar parte dos equipamentos para casa, em caso de
mobilização de emergência.
As empresas no entorno do
parque fecharão as portas logo
após o almoço, e o trânsito estará bloqueado em grande parte das ruas. Os eleitores escolhidos para acessar a área restrita serão farejados por cães,
passarão por detectores de metais e não poderão levar bolsas,
cadeiras ou bebida alcóolica.
Toda a operação custará à
prefeitura US$ 2 milhões, pagos pela campanha democrata.
"Eu vou"
"É claro que eu vou lá", respondeu à Folha o motorista
Saed Samata, 45, nascido no
Quênia, mas naturalizado americano. "Vou levar minha mulher e meus dois filhos (3 e 5
anos) para que eles nunca se
esqueçam do dia em que os
EUA elegeram o primeiro negro presidente. Mesmo que eu
não consiga ver Obama, o que
importa é ouvir e estar lá."
O prefeito da cidade, Richard
Daley, reclamou inicialmente
de Obama não ter escolhido
um estádio fechado para o discurso. "Mas eu poderia dizer
não para Obama? Dá um tempo! Eu não sou idiota." Dias depois, recomendava aos moradores que fossem ao local, participar do "momento histórico", se o democrata vencer.
"Estou extraordinariamente
confiante de que poderemos
manter o senador Obama, os
cidadãos e a vizinhança a salvo.
[Mas] estamos sempre preparados para o melhor e para o
pior", disse Jody Weis, superintendente da polícia de Chicago, à imprensa americana.
Há precedentes ruins. Em
1968, o mesmo Grant Park
abrigou conflitos entre militantes antiguerra e policiais
durante a Convenção Nacional
Democrata.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: McCain faz esforço final para não perder em casa Índice
|