São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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Em festa, Chicago reforça segurança

Obama fará discurso na cidade, seu berço político

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO (ILLINOIS)

Chicago está vestida de azul, a cor do Partido Democrata, espalhada pelo centro e pela periferia em bandeiras e cartazes com o rosto de Barack Obama, que deverá ter uma vitória com folga na cidade, assim como em todo o Estado de Illinois. A expectativa dos eleitores é tão evidente que a polícia local se pergunta: o que acontecerá com essa adrenalina se o democrata perder a eleição?
Com vitória ou derrota, a segurança será reforçada na cidade, berço político de Obama e onde fará seu discurso pós-eleição no Grant Park, à beira do lago Michigan, quando já será madrugada de quarta no Brasil.
Cerca de 70 mil pessoas sorteadas terão ingresso para entrar na área restrita do parque, mas a prefeitura espera que 1 milhão se reúna no entorno, o que deverá sobrecarregar o transporte público, criando um possível foco de tensão.
As linhas de trem que circulam ao lado do parque irão operar com menores intervalos, e os ônibus ficarão disponíveis por boa parte da madrugada. Estações ao longo da cidade serão policiadas para evitar tumulto e superlotação.
Para os simpatizantes de Obama, vê-lo não é apenas uma festa. É "fazer história", como disseram à Folha ontem diversos moradores da cidade, uma das poucas metrópoles dos EUA onde a população de negros praticamente se iguala à de brancos, se considerados os não-hispânicos.
O Serviço Secreto estará em peso na cidade (em número não revelado), e a polícia local cancelou as folgas de todo seu contingente, que se concentrará nos arredores do parque -a periferia também será bem vigiada, dizem os jornais locais.
Até a Guarda Costeira estará envolvida na operação de segurança, no lago Michigan. Bombeiros em folga foram instruídos a levar parte dos equipamentos para casa, em caso de mobilização de emergência.
As empresas no entorno do parque fecharão as portas logo após o almoço, e o trânsito estará bloqueado em grande parte das ruas. Os eleitores escolhidos para acessar a área restrita serão farejados por cães, passarão por detectores de metais e não poderão levar bolsas, cadeiras ou bebida alcóolica.
Toda a operação custará à prefeitura US$ 2 milhões, pagos pela campanha democrata.

"Eu vou"
"É claro que eu vou lá", respondeu à Folha o motorista Saed Samata, 45, nascido no Quênia, mas naturalizado americano. "Vou levar minha mulher e meus dois filhos (3 e 5 anos) para que eles nunca se esqueçam do dia em que os EUA elegeram o primeiro negro presidente. Mesmo que eu não consiga ver Obama, o que importa é ouvir e estar lá."
O prefeito da cidade, Richard Daley, reclamou inicialmente de Obama não ter escolhido um estádio fechado para o discurso. "Mas eu poderia dizer não para Obama? Dá um tempo! Eu não sou idiota." Dias depois, recomendava aos moradores que fossem ao local, participar do "momento histórico", se o democrata vencer.
"Estou extraordinariamente confiante de que poderemos manter o senador Obama, os cidadãos e a vizinhança a salvo. [Mas] estamos sempre preparados para o melhor e para o pior", disse Jody Weis, superintendente da polícia de Chicago, à imprensa americana.
Há precedentes ruins. Em 1968, o mesmo Grant Park abrigou conflitos entre militantes antiguerra e policiais durante a Convenção Nacional Democrata.


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