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McCain faz esforço final para não perder em casa
Republicano termina campanha no Arizona, onde aparecia empatado com Obama
Candidato investe em presença e propaganda emergencial na TV para tentar garantir a liderança em seu próprio Estado
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A PHOENIX
John McCain chega ao dia da
eleição sem certeza de que poderá manter seu próprio Estado entre aqueles onde sua vitória é garantida. Os eleitores do
Arizona, que há 26 anos votam
no republicano para o Congresso, agora estão em dúvida.
Os dados mais recentes do
Arizona, compilados pelo site
Real Clear Politics, indicam
McCain com 49,3% contra
45,8% de Obama. Estão tecnicamente empatados, pois a
margem de erro das pesquisas
consideradas é de quatro pontos percentuais. Desde 1954,
esse Estado é um reduto republicano, com a exceção de 1996,
quando Bill Clinton foi reeleito
em meio à bonança econômica.
Preocupado com a possível
humilhação de perder em casa,
McCain fez um esforço final
ontem. Passou um dia extenuante em campanha por seis
Estados e fez questão de terminar a jornada no Arizona. Chegaria à noite para tentar conseguir ocupar um pouco o espaço
na mídia local e assim procurar
estancar o avanço do adversário. Hoje, estará aqui o dia todo
e planeja um pronunciamento
à noite, quando e se houver alguma previsão de vencedor.
O Arizona é um dos locais onde o republicano teria, em princípio, facilidade para vencer e
acabou se complicando. Há várias explicações possíveis, mas
uma fácil de ser quantificada é
o volume de publicidade televisiva de cada candidato.
Segundo dados do Campaign
Media Analysis Group, entidade especializada em monitorar
esse tipo de despesa eleitoral,
houve um verdadeiro massacre
nesta eleição em favor de Barack Obama. O democrata já
havia gasto, até o último dia 29,
US$ 292,8 milhões contra US$
131,7 milhões do republicano.
Em volume de peças publicitárias veiculadas, o placar é de
535.945 comerciais de Obama e
269.143 de McCain.
Nos EUA, a propaganda eleitoral é paga pelos candidatos,
pelos partidos e por grupos interessados em influir no processo, todos liberados para
comprarem quanto espaço desejarem na mídia. No Brasil, o
sistema é diferente, com o horário eleitoral e os comerciais
bancados pelo governo -as
emissoras de rádio e de TV brasileiras recebem depois um benefício fiscal no Imposto de
Renda pelas horas cedidas.
McCain anunciou na sexta-feira uma reação. Nas 72 horas
finais, a direção de sua campanha estava prevendo gastar até
US$ 10 milhões a mais do que
Obama em propagandas na TV.
Quando se levam em conta
cifras globais, o valor anunciado pelos republicanos seria pequeno para tirar a vantagem de
Obama. A reação também pode
ter vindo tarde. Para complicar,
McCain teve de gastar dinheiro
onde, em princípio, não teria de
fazer esse tipo de esforço.
No Arizona, McCain não gastou nada em TV ao longo da
campanha, enquanto Obama já
desembolsou US$ 1,4 milhão
para veicular 2.258 comercias
nas TVs até quinta. Gastou
mais no fim de semana, mas os
dados não estão disponíveis.
O cenário se repete em vários
dos chamados Estados-pêndulo, nos quais os eleitores ainda
não se decidiram. A Flórida é
um caso sombrio para McCain.
Os republicanos venceram 8
das 10 últimas disputas ali, mas
agora o eleitorado sinaliza que
pode se bandear para Obama.
Os valores de publicidade
eleitoral na Flórida mostram
uma das principais razões para
o bom momento democrata.
Obama gastou US$ 33,4 milhões lá contra US$ 9,8 milhões
de McCain. As cifras se traduzem em 50.066 comerciais
obamistas e 16.831 de McCain.
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