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Em discurso, Karzai promete banir corrupção de seu governo
DA REDAÇÃO
No primeiro discurso após
ser declarado o vencedor em
uma disputada eleição, o presidente do Afeganistão, Hamid
Karzai, disse ontem que seu novo governo será de unidade e
prometeu banir a corrupção
-sem dar detalhes, porém, de
como isso será feito.
As autoridades afegãs cancelaram anteontem o segundo
turno do pleito, previsto para
sábado, e declararam o presidente reeleito após seu concorrente, o ex-chanceler Abdullah
Abdullah, ter retirado sua candidatura por temores de que a
eleição não seria justa. A nova
votação havia sido marcada por
conta da anulação de mais de 1
milhão de votos fraudados no
primeiro turno, em agosto.
"Meu futuro governo será de
unidade nacional. Qualquer
pessoa que queira unir-se [a
ele] será bem-vinda, sem importar se ela se opôs a mim ou
se me apoiou na eleição", afirmou Karzai, em um discurso no
Palácio Presidencial, em Cabul.
No entanto, o presidente não
citou o nome de Abdullah, que
já afirmara não ter intenções de
integrar o gabinete de Karzai,
mas que, antes de anunciar sua
desistência, participou de negociações com ele.
Por outro lado, o líder afegão
estendeu as mãos ao Taleban,
grupo tirado do poder em 2001
pelas forças militares lideradas
pelos EUA, e cuja insurgência
está em seu ponto mais alto
desde então. "Vamos tratar de
levar paz a todo o país o quanto
antes. Instamos nossos irmãos
do Taleban a voltarem ao Afeganistão e, para isso, pedimos
ajuda e cooperação da comunidade internacional", afirmou.
O grupo radical rechaçou
imediatamente a proposta e
chamou o presidente de "marionete do Ocidente". "Não damos nenhum valor à oferta de
paz de Karzai porque sabemos
que são palavras sem conteúdo", disse Yusuf Ahmadi, um
dos porta-vozes do Taleban.
Mais cedo, o grupo havia dito
que o cancelamento do pleito
era uma vitória dos extremistas, que prometeram fazer ataques contra quem participasse.
Corrupção
O anúncio da vitória de Karzai encerrou mais de dois meses de incerteza política no Afeganistão, num momento em
que o presidente americano,
Barack Obama, reavalia sua estratégia para a guerra e o envio
de mais soldados ao país.
Obama parabenizou Karzai
anteontem, mas ressaltou que
ele deve combater a corrupção
e o comércio de drogas -que
deram combustível ao Taleban- com mais seriedade.
Ontem, o porta-voz da Casa
Branca, Robert Gibbs, disse que
os EUA não podem seguir com
a mesma abordagem em relação ao problema e esperar resultados diferentes. Segundo
ele, a embaixada do país em Cabul está atuando com Karzai
para aprimorar a governança.
A preocupação de Washington com a imagem do presidente afegão é justificada por um
apoio cada vez menor ao conflito, não só nos EUA, mas também em países aliados. Um líder visto como complacente
com a corrupção não ajuda a
justificar gastos militares e o
reforço das tropas.
Em seu discurso, Karzai reconheceu que o Afeganistão
"tem um nome ruim por causa
da corrupção". E, como fez diversas vezes durante seu primeiro mandato, prometeu mudanças, sem dar detalhes de como irá reorganizar seu governo. "Faremos o nosso melhor,
por todos os meios possíveis,
para eliminar essa mancha escura de nossas roupas", disse.
Para o presidente, o problema é causado não por certas autoridades, mas por leis e fiscalização inadequadas. "Precisamos revisar a legislação com a
qual temos problemas e escrever [as leis] necessárias."
Com agências internacionais
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