São Paulo, quarta-feira, 04 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em discurso, Karzai promete banir corrupção de seu governo

DA REDAÇÃO

No primeiro discurso após ser declarado o vencedor em uma disputada eleição, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse ontem que seu novo governo será de unidade e prometeu banir a corrupção -sem dar detalhes, porém, de como isso será feito.
As autoridades afegãs cancelaram anteontem o segundo turno do pleito, previsto para sábado, e declararam o presidente reeleito após seu concorrente, o ex-chanceler Abdullah Abdullah, ter retirado sua candidatura por temores de que a eleição não seria justa. A nova votação havia sido marcada por conta da anulação de mais de 1 milhão de votos fraudados no primeiro turno, em agosto.
"Meu futuro governo será de unidade nacional. Qualquer pessoa que queira unir-se [a ele] será bem-vinda, sem importar se ela se opôs a mim ou se me apoiou na eleição", afirmou Karzai, em um discurso no Palácio Presidencial, em Cabul.
No entanto, o presidente não citou o nome de Abdullah, que já afirmara não ter intenções de integrar o gabinete de Karzai, mas que, antes de anunciar sua desistência, participou de negociações com ele.
Por outro lado, o líder afegão estendeu as mãos ao Taleban, grupo tirado do poder em 2001 pelas forças militares lideradas pelos EUA, e cuja insurgência está em seu ponto mais alto desde então. "Vamos tratar de levar paz a todo o país o quanto antes. Instamos nossos irmãos do Taleban a voltarem ao Afeganistão e, para isso, pedimos ajuda e cooperação da comunidade internacional", afirmou.
O grupo radical rechaçou imediatamente a proposta e chamou o presidente de "marionete do Ocidente". "Não damos nenhum valor à oferta de paz de Karzai porque sabemos que são palavras sem conteúdo", disse Yusuf Ahmadi, um dos porta-vozes do Taleban.
Mais cedo, o grupo havia dito que o cancelamento do pleito era uma vitória dos extremistas, que prometeram fazer ataques contra quem participasse.

Corrupção
O anúncio da vitória de Karzai encerrou mais de dois meses de incerteza política no Afeganistão, num momento em que o presidente americano, Barack Obama, reavalia sua estratégia para a guerra e o envio de mais soldados ao país.
Obama parabenizou Karzai anteontem, mas ressaltou que ele deve combater a corrupção e o comércio de drogas -que deram combustível ao Taleban- com mais seriedade.
Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que os EUA não podem seguir com a mesma abordagem em relação ao problema e esperar resultados diferentes. Segundo ele, a embaixada do país em Cabul está atuando com Karzai para aprimorar a governança.
A preocupação de Washington com a imagem do presidente afegão é justificada por um apoio cada vez menor ao conflito, não só nos EUA, mas também em países aliados. Um líder visto como complacente com a corrupção não ajuda a justificar gastos militares e o reforço das tropas.
Em seu discurso, Karzai reconheceu que o Afeganistão "tem um nome ruim por causa da corrupção". E, como fez diversas vezes durante seu primeiro mandato, prometeu mudanças, sem dar detalhes de como irá reorganizar seu governo. "Faremos o nosso melhor, por todos os meios possíveis, para eliminar essa mancha escura de nossas roupas", disse.
Para o presidente, o problema é causado não por certas autoridades, mas por leis e fiscalização inadequadas. "Precisamos revisar a legislação com a qual temos problemas e escrever [as leis] necessárias."


Com agências internacionais


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Tribunal europeu condena crucifixo em escola italiana
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.