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Tribunal europeu condena crucifixo em escola italiana
Corte de direitos humanos diz que símbolo pode perturbar crianças não cristãs
Governo e Vaticano criticam decisão, tomada a partir de denúncia feita por cidadã que considerou cruz uma afronta ao ensino laico
DA REDAÇÃO
A Corte Europeia de Direitos
Humanos condenou ontem a
presença de crucifixos em escolas da Itália, alegando que os
símbolos poderiam perturbar
crianças não cristãs. A decisão
causou protestos de italianos
que consideram o crucifixo
parte da cultura nacional. O governo Berlusconi prometeu recorrer da condenação.
O caso foi levado à Corte Europeia por uma cidadã italiana,
Soile Lautsi, que se queixava de
que seus filhos eram forçados a
ir a uma escola pública com
crucifixos em todas as salas de
aula e que isso contrariava seu
direito a uma educação laica.
A corte condenou o governo
a pagar multa de 5.000 a
Lautsi e, ainda que não tenha
determinado explicitamente a
remoção dos crucifixos, declarou em seu veredicto que "o
Estado não deve impor crenças" em locais públicos e tem
de manter "neutralidade na
educação pública, que deve
abrigar o pensamento crítico".
O Vaticano expressou "choque" e "pesar" pela decisão,
uma vez que vê o crucifixo como "símbolo do amor de Deus,
de união". "Lamento que seja
considerado um símbolo de divisão ou limitação de liberdade", disse o porta-voz da Santa
Sé, Federico Lombardi.
A ministra da Educação, Mariastella Gelmini, disse que os
crucifixos não significavam
aderência ao cristianismo e
que apenas simbolizam a tradição italiana. Parte da oposição
ao governo direitista também
criticou a decisão judicial, elogiada por grupos ateístas.
A Itália é um dos países europeus envoltos em debate sobre
como lidar com um crescente
número de imigrantes, muitos
deles muçulmanos, e a proibição da corte europeia pode servir de bandeira para o governo
conservador do premiê Silvio
Berlusconi intensificar a restrição à imigração.
Na França, lei de 2004 proibiu o uso de símbolos religiosos
ostensivos em todas as escolas
públicas. É possível que a decisão judicial de ontem -que
afeta uma lei dos anos 1920,
época do governo fascista, que
obriga as escolas italianas a ostentarem crucifixos- estimule
medidas semelhantes em outras escolas públicas europeias.
A Corte Europeia de Direitos
Humanos, em ação desde 1959
em Estrasburgo, França, foi
criada para punir violações
previstas na Convenção Europeia de Direitos Humanos, e
suas decisões são vinculantes.
Antes de chegar ali, em 2006,
o processo tramitou no Tribunal Constitucional italiano
(que disse não ter jurisdição
sobre o caso), num tribunal administrativo e no Conselho de
Estado da Itália, que o rejeitou.
Com agências internacionais
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