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IRAQUE NA MIRA
Bagdá diz que dará declaração de armas à ONU no sábado, um dia antes do prazo; Turquia libera bases aos EUA
ONU faz visita surpresa a palácio de Saddam
DA REDAÇÃO
Em visita surpresa, a equipe de
inspetores da ONU que está no
Iraque foi ontem pela primeira
vez a um palácio do ditador Saddam Hussein. No mesmo dia,
Bagdá anunciou que irá submeter
a declaração sobre seus programas de armas de destruição em
massa no sábado, um dia antes do
prazo imposto pelo Conselho de
Segurança da ONU.
No campo diplomático, a Turquia anunciou ontem que permitirá a utilização de suas bases pelos EUA para uma possível ofensiva contra o Iraque.
A visita ao palácio de Al Sojoud
está sendo considerada o mais
importante teste da cooperação
de Bagdá com a ONU desde que
as inspeções foram reiniciadas, há
uma semana. As visitas a palácios
de Saddam, durante as inspeções
dos anos 90, eram um dos principais entraves nas relações entre o
governo iraquiano e a ONU.
"Abram os portões, nós queremos entrar", disse um dos inspetores diante do palácio presidencial. "Não podemos, estamos
aguardando ordens", respondeu
um dos guardas. Sete minutos
após o protesto dos inspetores, os
portões foram abertos.
O Conselho de Segurança da
ONU exige que o Iraque não imponha nenhum obstáculo ao
acesso imediato dos inspetores a
qualquer local a ser visitado.
Os inspetores deixaram o palácio após quase duas horas, sem falar com os jornalistas. Não foi divulgado o que eles encontraram.
No dia anterior, a ONU informou que equipamentos haviam
desaparecido de uma instalação
militar. O chefe de inspetores da
ONU, Hans Blix, disse que Bagdá
precisa explicar melhor como esses equipamentos foram removidos para outras instalações. O Iraque afirma ainda que parte foi
destruída em ataque dos EUA.
Segundo Blix, porém, até agora
as autoridades iraquianas não
têm colocado obstáculos aos inspetores. O secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, disse que ainda não recebeu nenhum relatório
dos inspetores. "Essa é uma boa
indicação de que os iraquianos estão cooperando."
Annan não comentou a declaração do presidente dos EUA, George W. Bush, feita anteontem, segundo a qual "as inspeções no Iraque não são animadoras".
Prazo final
Um comunicado oficial do governo iraquiano afirmou ontem
que Bagdá irá submeter uma declaração de todos os seus programas de desenvolvimento de armas nucleares no dia 7 -o Conselho de Segurança da ONU havia
dado prazo até o dia 8.
Hussam Mohammed Amin, diretor do Conselho de Monitoramento Nacional Iraquiano, disse
que não haverá grandes novidades na declaração. "Claro que haverá novos elementos. Mas eles
não irão necessariamente incluir
uma declaração sobre a presença
de armas de destruição em massa", disse.
"Nós somos um país desprovido de armas de destruição em
massa. Esse é um fato sabido por
todos os países, inclusive os EUA
e o Reino Unido", afirmou.
Bush afirmou anteontem que o
Iraque precisa submeter uma lista
crível e completa para não enfrentar uma ofensiva militar dos EUA.
Analistas afirmam que Saddam
pode fazer surpreendentes revelações, mas que serão consideradas
insuficientes para os EUA e o Reino Unido. A lista, porém, pode
bastar para evitar um ataque imediato, dando mais tempo para
que a equipe da ONU trabalhe.
O premiê do Reino Unido, Tony
Blair, e o subsecretário da Defesa
dos EUA, Paul Wolfowitz, disseram ontem que uma guerra contra o Iraque não é inevitável.
"Tudo depende do que Saddam
fizer", afirmou Blair. "Nosso objetivo é conseguir o desarmamento
do Iraque pacificamente, voluntariamente, se possível, ou pela força, se necessário", disse Wolfowitz na Turquia, onde se reuniu o
ministro das Relações Exteriores
turco, Yasar Yakis.
O chanceler da Turquia afirmou
que o país irá permitir que os
americanos utilizem as bases militares do país, caso a ONU aprove
uma resolução para uma ofensiva
contra o Iraque. "Nós somos contra a guerra, mas, se ela for inevitável, então, com certeza, iremos
cooperar com os EUA, pois os
americanos são grandes aliados",
disse Yakis. Em troca do apoio
turco, os EUA prometem ajuda financeira ao país e pressionam a
União Européia a aceitar a Turquia como membro.
A Turquia é o único país muçulmano na Otan (aliança militar
ocidental liderada pelos EUA) e
faz fronteira com o Iraque. No
mês passado, um partido islâmico
moderado venceu as eleições parlamentares no país.
O Kuait acusou o Iraque de disparar contra duas embarcações
do país em águas kuaitianas. Bagdá não comentou o incidente.
Com agências internacionais
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