|
Texto Anterior | Índice
PESQUISA
Médicos Sem Fronteiras busca drogas para males ignorados por farmacêuticas
ONG ataca doenças negligenciadas
DA SUCURSAL DO RIO
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras
(MSF) pretende incentivar, nos
próximos 12 anos, a pesquisa de
drogas para doenças chamadas
negligenciadas. A MSF, Nobel da
Paz de 1999, apresentou o plano
ontem no Rio, em parceria com a
Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz), a cerca de 80 especialistas
brasileiros e estrangeiros.
São doenças como malária,
Chagas e tuberculose, entre outras, que, por serem típicas de países mais pobres, não interessam
às grandes indústrias farmacêuticas de Europa, EUA e Japão.
O projeto da MSF chama-se
DNDi, sigla em inglês para iniciativa de drogas para doenças negligenciadas, e contará, no início,
com recursos de US$ 20 milhões
para os dois próximos anos.
Por um período de 12 anos, a
meta é ter um orçamento anual de
US$ 25 milhões, que deve ser otimizado utilizando a estrutura já
existente de organismos interessados nas pesquisas.
O Brasil participará da iniciativa
por meio da Fiocruz, órgão do
Ministério da Saúde que desenvolve pesquisas e medicamentos
para combater doenças comuns.
A fundação já participa, atualmente, de um projeto da DNDi
para desenvolver dois medicamentos de combate à malária.
Na conferência de apresentação
da DNDi foram discutidos dados
de um relatório preparado pela
MSF que mostra que apenas 1%
das 1.393 novas drogas aprovadas
entre 1975 e 1999 no mundo eram
especificamente indicadas para
doenças tropicais, como Chagas,
malária e tuberculose.
A conferência no Rio, que será
encerrada hoje, discutirá o caso
de três doenças com essa classificação: doença de Chagas, leishmaniose e a doença-do-sono.
Pesquisadores que trabalharam
no relatório fizeram também uma
pesquisa com 11 das 20 maiores
indústrias farmacêuticas do mundo. A pesquisa mostrou que oito
delas nada gastaram no último
ano fiscal com o desenvolvimento
de drogas contra a doença-do-sono, a leishmaniose e a doença de
Chagas.
O relatório cita dados de um estudo da associação de fabricantes
e pesquisadores farmacêuticos
dos EUA que mostra que, em
2000, dos 137 remédios para
doenças infecciosas que se encontravam em processo de desenvolvimento, apenas um era indicado
para a doença-do-sono e outro
para malária. Nenhum remédio
era indicado para leishmaniose
ou tuberculose.
Texto Anterior: Geopolítica: Putin vai à Ásia em ofensiva diplomática Índice
|