|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Militares admitem deficiências da inteligência; Iraque pede à Síria US$ 3 bilhões que estariam no país
Americanos combatem às cegas no Iraque
DO "FINANCIAL TIMES"
A batalha do último domingo
em Samarra (norte), a maior desde o fim dos principais combates
em maio e na qual os americanos
dizem ter matado 54 insurgentes,
serve como um ótimo exemplo
para ilustrar a frustração que sentem os comandantes militares dos
EUA: eles não sabem exatamente
contra quem estão lutando.
Oficiais americanos acreditam
que a emboscada contra militares
na cidade de 250 mil habitantes
no norte do Iraque foi obra da milícia paramilitar Fedayin, leal ao
ex-ditador Saddam Hussein, cujos integrantes se vestem de preto.
Já alguns moradores da cidade
discordam: "Ninguém veio de fora de Samarra. Eles dizem que [os
rebeldes] estavam de preto. Mas
todos nós vestimos preto", diz
Mohammed Mahmoud Ali, 38,
apontando para as suas roupas.
Essa questão é central para o sucesso da nova campanha. Se o inimigo não passa de, como diz o general John Abizaid, chefe do Comando Central dos EUA, 5.000
rebeldes leais a Saddam, a ofensiva americana pode realmente
derrotar os rebeldes.
Por outro lado, se houver um
apoio mais amplo à guerrilha entre os iraquianos que estão enfurecidos com a ocupação americana, a atual ofensiva da coalizão
pode se revelar um esforço inútil,
incapaz de impedir que os insurgentes substituam suas perdas
com novos e raivosos iraquianos.
As informações mais sólidas sobre quem forma a oposição vêm
daqueles que participam das
ações: os "operadores" que foram
mortos ou capturados pelas forças americanas. Esses operadores
de baixo escalão parecem pertencer à categoria dos jovens furiosos, que lutam contra a ocupação
movidos pela raiva, não por lealdade a Saddam.
Oficiais das Forças Armadas
americanas admitem ter poucos
conhecimentos sobre como a liderança da insurgência é organizada. Quase todos os comandantes dizem acreditar na existência
de uma liderança regional. A liderança militar, no entanto, não está
convencida. "Há um certo nível
de coordenação, embora eu não
esteja certo de que exista um comando nacional de resistência",
afirma o general Abizaid.
A falta de informação sobre o
nível mais elevado da insurgência
talvez seja o maior problema dos
comandantes da coalizão. "Os
que fornecem munição e armas
são aqueles que devemos combater. É onde precisamos de mais
dados de inteligência", diz o general Charles Swannack Jr., da 82ª
Divisão Aerotransportada.
Iraque e Síria
O Iraque vai pedir à Síria nas
próximas semanas cerca de US$ 3
bilhões em fundos que Damasco
teria acumulado vendendo petróleo iraquiano durante o governo
de Saddam, entre outras atividades não reconhecidas por Bagdá.
"Todo esse dinheiro pertence ao
Iraque", disse Kamel al Gilani,
ministro da Economia do Iraque
no governo provisório comandado pelos EUA. "Nós não reconhecemos esses acordos."
Além do dinheiro da venda do
petróleo - em violação às sanções impostas pela ONU contra
Bagdá-, a Síria também teria
vendido bens não-militares na
Organização para a Industrialização Militar do Iraque, que era comandada por Saddam.
Depósitos particulares feitos pelo ex-ditador e seus aliados não
entraram na conta, embora Al Gilani tenha dito que esse dinheiro
também deve ser reivindicado.
Autoridades sírias dizem que o
valor é incorreto e que o dinheiro,
depositado em bancos sírios, somaria "centenas de milhões de
dólares, e não bilhões".
Segundo uma fonte no governo
sírio citada pela agência de notícias Reuters, já estaria em curso
um "acerto de contas" entre sírios
e iraquianos. Mas o processo esbarra no fato de Damasco não reconhecer a legitimidade do Conselho de Governo Iraquiano.
Com agências internacionais
Texto Anterior: África: Jornalistas são condenados por genocídio Próximo Texto: Romeu e Julieta no Iraque: Militar casado com iraquiana será desligado Índice
|