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GUERRA SEM LIMITES
Governo de Bush afirma que caso é "único" e não servirá como precedente para os outros presos
Suspeito de terror verá advogado, dizem EUA
DA REDAÇÃO
O governo norte-americano
anunciou, anteontem, que permitirá que um preso suspeito de participar de atos terroristas possa
encontrar-se com um advogado.
Segundo o Pentágono, o encontro de Yaser Esam Hamdi com
um advogado "não é uma exigência de leis nacionais ou internacionais e não deve ser visto como
um precedente". Hamdi, que tem
nacionalidade norte-americana e
foi criado na Arábia Saudita, não
foi acusado formalmente de qualquer crime e está encarcerado por
ser um "combatente inimigo".
Segundo o porta-voz da Casa
Branca, Scott McClellan, o caso de
Hamdi é "único". "Nossa posição
foi e continua sendo a de que
combatentes inimigos não têm o
direito legal de acesso a advogados. A decisão de permitir neste
caso foi tomada pela conclusão de
que Hamdi não mais oferece
qualquer valor em termos de inteligência e que prover um advogado não comprometeria a segurança nacional", disse McClellan.
A Suprema Corte está decidindo se vai aceitar examinar o apelo
de um defensor público, Frank
Dunham, que questionou a prisão de Hamdi e pretende atuar
como seu advogado.
Dunham disse que foi informado pelo Departamento da Justiça
de que seriam tomadas providências para que ele pudesse encontrar-se com Hamdi dentro de alguns dias. Dunham afirmou estar
contente pelo fato de o Departamento da Defesa permitir o encontro, mas que isso não alteraria
em nada seus argumentos para a
Suprema Corte.
"Cidadãos norte-americanos
não deveriam ser detidos por longos períodos de tempo sem aconselhamento legal. Eu não acho
que isso elimina todos os danos
causados por esta situação de
combatentes inimigos, especialmente para cidadãos norte-americanos", declarou.
Hamdi foi capturado no Afeganistão junto com combatentes do
Taleban em novembro de 2001.
Ele portava um fuzil e manifestou
apoio ao Taleban, de acordo com
papéis do governo americano.
Inicialmente, foi mandado para a
base de Guantánamo (Cuba), mas
após ter sido descoberto que havia nascido na Louisiana, de pais
sauditas, Hamdi foi transferido
para uma base da Marinha em
Charleston (Carolina do Sul).
Existem em Guantánamo cerca
de 660 prisioneiros suspeitos de
ligação com a rede terrorista Al
Qaeda -a maioria de nacionalidade afegã. Um dos argumentos
do governo de Bush para negar-lhes acesso a advogados é que por
não se encontrarem em solo americano (o terreno da base de
Guantánamo pertence a Cuba e
foi arrendado pelos EUA no século passado) não podem invocar os
direitos estabelecidos pela Constituição do país.
Zacarias Moussaoui
A administração Bush também
está trabalhando intensamente
para defender suas posições em
outro caso, envolvendo a única
pessoa que foi formalmente acusada de participar dos ataques de
11 de setembro de 2001.
Advogados da União entraram
com ação em uma corte de apelo
para reverter a decisão de um juiz
que determinou que o governo
não pode pedir pena de morte para Zacarias Moussaoui porque
não permitiu que o acusado invoque o testemunho de supostos
membros da Al Qaeda para provar sua inocência.
O desfecho desse caso vai mostrar se o governo americano tem
condições de obter a condenação
de outros suspeitos em cortes civis. Se Moussaoui obtiver o direito de contar com o depoimento
dos supostos integrantes da Al
Qaeda, outros acusados poderão
fazer a mesma exigência.
Com agências internacionais
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