São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006

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Aumentam protestos no Líbano por saída de premiê

Confronto entre simpatizantes do governo e da oposição deixa um morto e 21 feridos

Hizbollah lidera atos contra Siniora, que acusa grupo de tentar pôr país sob jugo sírio e iraniano; manifestantes acampam ante gabinete

DA REDAÇÃO

Os protestos pela saída do premiê libanês, Fuad Siniora, se intensificaram ontem, com dezenas de milhares de manifestantes acampados no centro de Beirute e a eclosão de confrontos entre simpatizantes do governo e da oposição que deixaram um morto e 21 feridos.
A morte de Ahmed Ali Mahmoud, um xiita de 20 anos, deve inflamar os ânimos e pôr em xeque o já combalido equilíbrio sectário e político do país, onde tanto a milícia xiita Hizbollah, aliada à Síria e ao Irã, quanto o governo, apoiado por Washington, se recusam a ceder.
O confronto ocorreu quando um grupo de simpatizantes do Hizbollah retornava da manifestação no centro da cidade e passava pelo bairro de Tarik Jdideh, predominantemente sunita. Segundo a polícia, os dois lados começaram a atirar pedras. Houve tiros.
Em outro bairro, uma briga entre grupos de sunitas e xiitas terminou com lojas incendiadas e ao menos um carro danificado. Soldados jogaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Mas, apesar do aumento dos embates no terceiro dia consecutivo de protestos por sua saída, Siniora reafirmou que não irá renunciar.
"O que está em andamento é uma tentativa de golpe de Estado que comprometeria a independência do Líbano e o colocaria na esfera de influência da Síria e do Irã", disse a coalizão oficial em comunicado.
O premiê participou ontem de uma missa celebrada em seu gabinete, em memória de Pierre Gemayel, ministro da Indústria e líder da comunidade cristã maronita, recentemente assassinado supostamente pelos sírios ou seus aliados locais.
Separadamente, partidários do líder cristão Michel Aoun, aliado do Hizbollah, mandaram rezar outra missa, na catedral São Jorge, depois da qual milhares de cristãos ligados a ele saíram em passeata contra o atual gabinete.
Siniora disse que não se curvará às manifestações em praça pública e apelou para que o presidente do Parlamento, Nabih Berri, um xiita próximo do Hizbollah, faça a intermediação para a retomada do diálogo.
O premiê -que, como determina a Constituição, é sunita- também disse que o Exército barraria uma tentativa de invasão da sede do governo.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, chegou ontem a Beirute para se encontrar com as autoridades locais. Declarou que os países árabes "não assistirão passivamente" a degradação da situação.
O apoio ao Hizbollah cresceu sensivelmente no Líbano após a guerra entre o grupo e Israel, em julho e agosto. A crise no governo se agravou há três semanas, quando cinco ministros xiitas ligados à milícia renunciaram após verem rejeitada sua demanda por mais poder no gabinete.
Em Jerusalém, o premiê israelense, Ehud Olmert, disse "estar claro quais são as forças interessadas em depor Siniora". Israel teme que a crise no país vizinho evolua para um conflito armado e leve a uma intervenção pata evitar que o confronto transborde por sua fronteira.


Com agências internacionais


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