São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Governo soltou boca-de-urna que era falsa

DE CARACAS

Funcionários do governo venezuelano divulgaram a agências de notícias ao menos três pesquisas de boca-de-urna que indicavam uma folgada vitória chavista no referendo de anteontem. Pelo menos um dos levantamentos, atribuídos ao respeitado instituto Datanálisis, provou ser falso.
A aparente manipulação induziu vários jornais do mundo ao erro, inclusive esta Folha, que publicou esses levantamentos tendo como base a agência espanhola Efe.
Segundo a reportagem apurou, os e-mails chegaram por volta das 18h em Caracas (20h no Brasil), enviadas do blog apócrifo www.uiv.org.ve, montado apenas para o referendo de anteontem, só com notas favoráveis a Chávez e nenhum comentário nos "posts". O conteúdo foi confirmado em seguida às agências de notícias por fontes do governo.
Por volta das 19h locais, quando as notas das agências começaram a ser publicadas fora da Venezuela (a divulgação de boca-de-urna é proibida no país), o ministro das Comunicações, Willian Lara, insinuava a vitória governista. Em entrevista ao vivo ao canal de TV Venevisisón, ele disse que "a oposição conhece os resultados" e que é "a hora de os dirigentes da oposição demonstrarem sua grandeza democrática".
As declarações de Lara contradizem as feitas por Chávez ontem à noite na TV. Ele reconheceu que o "sim" estava na frente por uma diferença pequena de votos só até as 18h -uma hora antes, portanto, da entrevista do ministro.
Pelo menos duas agências, a Reuters e a Efe, publicaram notas com os levantamentos. Ontem, as duas agências fizeram retificações. A Reuters afirma que foi induzida ao erro por um ministro venezuelano não identificado, enquanto a Efe admitiu que publicou a pesquisa inexistente da Datanálisis.
A agência France Presse recebeu via e-mail seis pesquisas de opinião de um alto funcionário de uma TV estatal, mas não publicou nenhuma nota.
A Folha procurou o Ministério das Comunicações, mas sua assessoria de imprensa se limitou a dizer que qualquer eventual esclarecimento seria feito via nota. (FM)


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