São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Rice cobra Islamabad e quer contenção de Nova Déli

DO ENVIADO A MUMBAI

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, cobrou ontem do Paquistão cooperação "total e de forma transparente" nas investigações dos atentados terroristas em Mumbai na semana passada.
Rice está na capital indiana, Nova Déli, e deve visitar o Paquistão em seguida. As relações entre as duas potências nucleares -ambas aliadas americanas- estão estremecidas, pois a Índia afirma que os dez terroristas que mataram 172 pessoas e feriram 237 eram paquistaneses, treinados por grupos fundamentalistas naquele país.
Um ex-funcionário graduado do Pentágono disse à mídia americana ontem, sob condição de anonimato, que a inteligência dos EUA determinou que ex-oficiais paquistaneses e o ISI -o poderoso serviço secreto paquistanês que cada vez mais atua de forma independente do governo- ajudaram a treinar os terroristas.
Islamabad nega ter relação com os atentados, mas admite a possibilidade de participação de "atores não estatais".
Apesar do tom duro com o Paquistão, Rice pediu à Índia que não tome atitudes que possam provocar "conseqüências indesejáveis". Islamabad já ameaçou deixar o combate à Al Qaeda e a extremistas na fronteira afegã se a tensão com a Índia crescer, um grande revés à política dos EUA na região.
Ela também disse que mesmo que os atentados tenham sido organizados por gente "fora do Estado paquistanês", o Paquistão tem o dever de tomar medidas duras e diretas. "Tenho o firme compromisso de que precisamos chegar até o fim disto e reconhecer que esses são os inimigos do Paquistão também", disse Rice.
Em Mumbai, duas bombas foram desativadas pela polícia após serem achadas na estação ferroviária de Chhatrapati Shivaji, um dos lugares atacados pelos terroristas no dia 26.

Sem provas
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, disse à rede de TV americana CNN que não há "provas tangíveis" de que o único terrorista capturado com vida seja realmente paquistanês, como afirma Nova Déli. Os dois países travaram três guerras desde a independência de ambos do Reino Unido, em 1947, e a região indiana da Caxemira, separatista, é foco de tensão.
Zardari disse ainda que não aceitará o pedido indiano de extradição de uma lista de 20 suspeitos de terrorismo: "Se houver alguma prova contra eles, serão julgados no Paquistão".
Com as eleições indianas marcadas para maio do ano que vem, o premiê Manmohan Singh está sob pressão para dar uma resposta mais agressiva ao rival. O chanceler indiano, Pranab Mukherjee, disse que ação militar não é considerada, mas alertou que o processo de paz iniciado em 2004 corre risco se o Paquistão não tomar medidas de forma mais firme. (RJL)


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