|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rice cobra Islamabad e quer contenção de Nova Déli
DO ENVIADO A MUMBAI
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, cobrou ontem do Paquistão cooperação "total e de forma transparente" nas investigações dos
atentados terroristas em Mumbai na semana passada.
Rice está na capital indiana,
Nova Déli, e deve visitar o Paquistão em seguida. As relações
entre as duas potências nucleares -ambas aliadas americanas- estão estremecidas, pois a
Índia afirma que os dez terroristas que mataram 172 pessoas
e feriram 237 eram paquistaneses, treinados por grupos fundamentalistas naquele país.
Um ex-funcionário graduado
do Pentágono disse à mídia
americana ontem, sob condição de anonimato, que a inteligência dos EUA determinou
que ex-oficiais paquistaneses e
o ISI -o poderoso serviço secreto paquistanês que cada vez
mais atua de forma independente do governo- ajudaram a
treinar os terroristas.
Islamabad nega ter relação
com os atentados, mas admite a
possibilidade de participação
de "atores não estatais".
Apesar do tom duro com o
Paquistão, Rice pediu à Índia
que não tome atitudes que possam provocar "conseqüências
indesejáveis". Islamabad já
ameaçou deixar o combate à Al
Qaeda e a extremistas na fronteira afegã se a tensão com a Índia crescer, um grande revés à
política dos EUA na região.
Ela também disse que mesmo que os atentados tenham sido organizados por gente "fora
do Estado paquistanês", o Paquistão tem o dever de tomar
medidas duras e diretas. "Tenho o firme compromisso de
que precisamos chegar até o
fim disto e reconhecer que esses são os inimigos do Paquistão também", disse Rice.
Em Mumbai, duas bombas
foram desativadas pela polícia
após serem achadas na estação
ferroviária de Chhatrapati Shivaji, um dos lugares atacados
pelos terroristas no dia 26.
Sem provas
O presidente paquistanês,
Asif Ali Zardari, disse à rede de
TV americana CNN que não há
"provas tangíveis" de que o único terrorista capturado com vida seja realmente paquistanês,
como afirma Nova Déli. Os dois
países travaram três guerras
desde a independência de ambos do Reino Unido, em 1947, e
a região indiana da Caxemira,
separatista, é foco de tensão.
Zardari disse ainda que não
aceitará o pedido indiano de extradição de uma lista de 20 suspeitos de terrorismo: "Se houver alguma prova contra eles,
serão julgados no Paquistão".
Com as eleições indianas
marcadas para maio do ano que
vem, o premiê Manmohan
Singh está sob pressão para dar
uma resposta mais agressiva ao
rival. O chanceler indiano, Pranab Mukherjee, disse que ação
militar não é considerada, mas
alertou que o processo de paz
iniciado em 2004 corre risco se
o Paquistão não tomar medidas
de forma mais firme.
(RJL)
Texto Anterior: Milhares na Índia pedem ação no Paquistão Próximo Texto: Frase Índice
|