São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Dono do WikiLeaks ressurge e faz ameaça

Julian Assange, procurado pela Interpol, dá entrevista a site em que acusa os EUA de tramar contra sua vida

Responsável por vazar informações sigilosas diz que tem mensagens guardadas para o caso de ser preso ou morto

Thomas Coe/France Presse
Imagem em tela de computador do WikiLeaks, em que aparece o fundador, Julian Assange

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Mesmo escondido da Interpol, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, voltou a atacar ontem os Estados Unidos. Disse que o país está por trás de ameaças contra sua vida e que não respeita a liberdade de expressão.
Afirmou ainda que se alguma coisa acontecer com ele, documentos ainda não divulgados sobre os EUA e outros países serão publicados imediatamente.
Para Assange, a pessoa que entregou os documentos do governo americano para serem divulgados no site é um herói sem igual.
Ele deu indicação forte de que se trata do soldado Bradley Manning, preso nos EUA (leia perfil na página 2).
O fundador do WikiLeaks, que continua em lugar desconhecido, participou de uma sessão de perguntas e respostas com leitores do site do jornal "The Guardian", do Reino Unido.
Foram enviadas mais de 900 perguntas, mas ele respondeu a apenas 15.
Quando questionado se temia pela própria segurança, disse que sim e que está tomando as precauções necessárias porque está lidando com uma superpotência.
Depois, afirmou que aqueles que sugerem que deve ser caçado (como Sarah Palin, candidata a vice-presidente pelo Partido Republicano nas últimas eleições dos EUA e estrela da direita americana) ou morto (como Tom Flanagan, conselheiro do primeiro-ministro canadense) deveriam ser processados por incitar o seu assassinato.
Ainda sobre a questão segurança, Assange disse que arquivos com documentos sobre os EUA e outros países ainda não revelados estão espalhados por vários países e com muitas pessoas.
Tudo seria divulgado imediatamente, segundo afirmou Assange, se alguma coisa acontecesse com ele.
"A história vencerá. O mundo será elevado a um patamar melhor. Sobreviveremos? Isso depende de vocês", escreveu o dono do site, na entrevista.

AMAZON E HERÓI
Assange disse que a decisão da Amazon de não mais hospedar o WikiLeaks em seu servidor, após pressão do governo dos EUA, mostra que a liberdade de expressão é uma ficção no país.
"Desde 2007, temos deliberadamente usado servidores em jurisdições em que a gente suspeita exista deficit de liberdade de expressão. A intenção é separar retórica de realidade. A Amazon foi um desses casos."
Um leitor perguntou se ele não achava que era necessário agradecer e elogiar a fonte dos documentos que foram divulgados e trouxeram tanta fama ao site e ao próprio Assange.
"Um dos nossos objetivos, nos últimos quatro anos, tem sido reverenciar a fonte que assume quase todos os riscos num trabalho de divulgação jornalística. Sem os esforços dessas fontes, o jornalismo não seria nada. Se realmente for o caso, como alega o Pentágono, de que o jovem soldado -Bradley Manning- está por trás de algumas das nossas divulgações recentes, então ele é, sem dúvida, um herói sem igual."

ET E RÉPTEIS
A maioria das perguntas trazia elogios a Assange. Alguns até perguntavam como fazer para doar dinheiro ao WikiLeaks.
Algumas eram apenas curiosas. Um leitor perguntou se ele tinha recebido documentos sobre objetos voadores não identificados.
Assange respondeu que alguns malucos mandam e-mails sobre extraterrestres ou dizendo que são o anti-Cristo. Mas disse que em documentos da diplomacia americana a serem publicados, há referências a óvnis.
Outro questionou se havia algo sobre répteis que estão andando por aí sob a pele de humanos, como afirma o escritor inglês David Icke.
Essa não foi respondida.


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