São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Republicanos pedem pena de morte para suposto vazador

Hacker afirma que Bradley Manning confessou ter copiado documentos secretos quando estava no Iraque

Preso desde maio em base na Virgínia, militar passa por avaliações psicológicas e pode ir a julgamento já em 2011

DE SÃO PAULO

Enquanto o criador do WikiLeaks, Julian Assange, recebe atenção mundial pelos vazamentos de documentos secretos, a provável fonte deles é mantida isolada e vê TV, onde se informa sobre o alcance de sua suposta ação.
Trata-se do soldado Bradley Manning, 22, um analista de inteligência do Exército americano que esteve no Iraque e está preso desde maio.
O militar enfrentará julgamento por supostamente copiar telegramas diplomáticos e pelo vazamento de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque.
Ele ainda é acusado de vazar vídeo que mostra o ataque de um helicóptero militar a civis iraquianos.
Mas republicanos -como Mike Huckabee- querem que o responsável seja acusado de traição e condenado à pena de morte.
Nascido em 1987 no Estado de Oklahoma, Manning alistou-se aos 18 anos. Após receber treinamento como analista de inteligência, foi enviado para Nova York e depois para a Guerra do Iraque.
Mas ficar isolado, no meio do deserto, parecia ser pouco para as ambições do soldado.
Em maio, Manning contatou Adrian Lamo, hacker americano que invadiu a página do "New York Times", Yahoo e outras empresas antes de se entregar ao FBI.
O "El País" diz que mensagens entre os dois ficaram armazenadas no computador de Lamo, que informou ao Pentágono sobre o assunto.
Ao jornal, Lamo confirmou que Manning é mesmo a fonte dos vazamentos.
"Se tivesse acesso sem precedentes a redes restritas 14 horas por dia, setes dias por semana, durante mais de oito meses, o que faria?", questionou em conversa com o hacker em 21 de maio.
No dia seguinte, Manning confessou que havia feito o download de centenas de milhares de documentos de redes secretas do Pentágono.
E tinha uma prova: um telegrama da Embaixada dos EUA em Rejkiavik, no qual se relata uma reunião entre autoridades islandesas e um assessor do embaixador britânico, que fora publicado pelo WikiLeaks em fevereiro.
Nas conversas com Lamo, o soldado diz ainda que tinha um contato com Assange.
O soldado descreveu até como fazia as cópias: entrava na sala com um CD da Lady Gaga, por exemplo, e, enquanto fingia cantar uma das músicas, apagava seu conteúdo e copiava dados da inteligência em seu lugar.

RESSENTIMENTO
Em suas conversas com Lamo, Manning demonstra frustração e ressentimento com o Exército e com os EUA. E teria confessado: "[...] Bem, enviei ao WikiLeaks. Deus sabe o que acontecerá agora. Espero que haja uma grande discussão mundial, debates, reformas".
O soldado está isolado em uma cela na base de Quantico, em Virgínia, onde é submetido a avaliações mentais.
Até agora, o Exército apenas apresentou acusações contra ele pelo roubo de dois vídeos de guerra e pelo vazamento de 50 telegramas. Por isso, ele pode ser condenado a 52 anos de prisão.
O julgamento pode ocorrer no primeiro semestre de 2011.


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