São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Esquerda francesa abre debate eleitoral

A socialista Segolène Royal, derrotada por Nicolas Sarkozy em 2007, lança ideia de recandidatura para 2012

Rachado, partido já tem três concorrentes para primárias, no ano que vem; direita e centro também se articulam

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nicolas Sarkozy será presidente francês até maio de 2012. Mesmo com apenas 34% de aprovação, pretende se candidatar à reeleição.
"Eu só posso ficar por aqui por dois mandatos", disse segunda-feira, segundo a AFP, a alguns deputados.
Ele poderia estar evocando a Constituição ou, hipótese mais saborosa, declarando seus planos políticos.
A movimentação pré-eleitoral entre os grupos da direita é discreta.
Na oposição de esquerda, no entanto, só o Partido Socialista (PS) já tem três concorrentes às primárias que em novembro do ano que vem escolherão o candidato presidencial.
Tudo não passaria de disputas na área de serviço caso nesta semana Segolène Royal, derrotada por Sarkozy nas presidenciais de 2007, não tivesse anunciado o projeto de se recandidatar.
Há quatro anos, os 170 mil filiados ao PS deram a Segolène 60% dos votos das primárias, porque as pesquisas indicavam que ela era a única capaz de se sobrepor ao atual presidente.
Meses antes, o hoje diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, disse a um diplomata americano, em Paris, que a então popularidade de Segolène não passava de uma "alucinação coletiva". Está em documento do site WikiLeaks revelado há dias pelo "Le Monde".
Detalhe: também dirigente socialista, Strauss-Kahn participou das mesmas primárias e levou apenas um quinto dos votos.
Agora, segundo o instituto BVA, o economista teria a preferência de 46% dos filiados do PS, contra míseros 8% de Segolène.
Mesmo assim, astuciosa, ela disse na última terça-feira que, se eleita, indicaria Strauss-Kahn, um social-democrata, como primeiro-ministro. Que bom!

FIGURANTES
Embora muita água ainda deva passar sob as pontes do Sena, são por enquanto consistentes as chances de Sarkozy, 55, e Strauss-Kahn, 61, se enfrentarem no segundo turno de maio de 2012.
Os demais nomes são por enquanto figurantes. Há no PS, por exemplo, Martine Aubry, secretária-geral do partido, e François Hollande, antecessor dela e ex-marido de Segolène.
No conglomerado situacionista, a UMP (União por uma Maioria Presidencial), há três ou quatro nomes da família centrista que por enquanto só disputam as atenções.
Como nas últimas três décadas a direita e a esquerda caíram para o centro, esse território passou a ser problemático para a afirmação de identidade política.
O centrista François Bayrou obteve 18,5% no primeiro turno de 2007. Teria hoje outros concorrentes, como Dominique de Villepin, ex-diplomata e chanceler de altíssima popularidade, no início de 2003, ao se opor aos planos de George W. Bush de invadir o Iraque.
Mas a percepção sobre Villepin, aliás chefe de um grupo coligado à UMP, é de um imenso desafeto pessoal do presidente Sarkozy, sem muito espaço para explicações sobre antagonismos doutrinários.


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