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Resultado marca tendência democrata; republicanos mantêm disputa incerta
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
O impacto dos resultados do
"caucus" de Iowa serão medidos na prática ao longo do ano,
mas, segundo analistas independentes, ele será muito mais
significativo para democratas
do que para republicanos: enquanto a vitória de Barack Obama tem grandes chances de alavancar uma campanha bem-sucedida nos outros Estados, a
liderança de Mike Huckabee é
vista como pontual.
"Ficaria extremamente surpreso se ele conseguisse a indicação republicana", afirmou à
Folha Alexander Keyssar, historiador e analista político da
Universidade Harvard. Keyssar diz crer que o resultado não
se repetirá em New Hampshire, que terá suas primárias na
próxima terça-feira.
"O Partido Republicano tem
sido, nos últimos 25 anos, uma
aliança estranha entre detentores de grandes capitais corporativos e conservadores sociais e religiosos. A dificuldade
é achar alguém que represente
as duas alas. Huckabee só tem
apoio entre os conservadores, e
ele não é suficiente."
A opinião é compartilhada
por David King, especialista
em eleições e diretor do programa da Universidade Harvard para novos membros eleitos do Congresso dos EUA.
"Esse resultado é um sonho
que se tornou realidade para os
democratas, porque sinaliza o
quanto os republicanos estão
divididos", avalia.
Ambos estimam que, ao lado
da rejeição ao establishment
político, as vitórias foram baseadas em percepções pessoais
dos candidatos. Para o ex-pastor Huckabee, pesou o alto
comparecimento do eleitorado
evangélico; para Obama, o do
eleitorado jovem e que vota em
2008 pela primeira vez. "As políticas de Obama na realidade
são muito próximas às de [a senadora e ex-primeira-dama]
Hillary Clinton. Votaram nele
porque gostam de sua personalidade", diz Keyssar. "E há muita gente no Partido Democrata
que não quer os Clinton de volta à Casa Branca."
New Hampshire
Apesar dos bons augúrios para Obama, Keyssar alerta: "Haverá um momento em que as
pessoas vão começar a se perguntar se esse cara poderá mesmo vencer em novembro."
Para King, o futuro de Hillary
poderá ser selado em New
Hampshire. "Se os jovens forem em massa às primárias lá,
Hillary deve perder para Obama de novo. E estará acabada",
afirma. Mas ele aponta que a
campanha da senadora por Nova York é muito bem organizada neste Estado, enquanto
Obama preferiu apostar suas fichas em outros locais.
Se, como indicam as últimas
pesquisas, Hillary vencer em
New Hampshire, os dois democratas estarão em pé de igualdade para o próximo grande
confronto, que segundo King
será na Carolina do Sul.
Entre os republicanos, a
aposta para New Hampshire é
o experiente senador John
McCain, cuja campanha vem
recuperando prestígio.
"McCain tem boas chances de
ganhar a indicação. Nenhum
republicano decolou até agora.
As pessoas estão começando a
olhar de novo para McCain, e
ele parece competente e honesto", afirma Keyssar.
Mas os analistas lembram
que a disputa ainda é incerta.
"A mídia americana tende a superestimar os resultados de Iowa e New Hampshire", diz
Keyssar. "Apesar de alto, o
comparecimento não foi representativo nem mesmo de Iowa,
quanto mais dos EUA."
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