São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Resultado marca tendência democrata; republicanos mantêm disputa incerta

ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

O impacto dos resultados do "caucus" de Iowa serão medidos na prática ao longo do ano, mas, segundo analistas independentes, ele será muito mais significativo para democratas do que para republicanos: enquanto a vitória de Barack Obama tem grandes chances de alavancar uma campanha bem-sucedida nos outros Estados, a liderança de Mike Huckabee é vista como pontual.
"Ficaria extremamente surpreso se ele conseguisse a indicação republicana", afirmou à Folha Alexander Keyssar, historiador e analista político da Universidade Harvard. Keyssar diz crer que o resultado não se repetirá em New Hampshire, que terá suas primárias na próxima terça-feira.
"O Partido Republicano tem sido, nos últimos 25 anos, uma aliança estranha entre detentores de grandes capitais corporativos e conservadores sociais e religiosos. A dificuldade é achar alguém que represente as duas alas. Huckabee só tem apoio entre os conservadores, e ele não é suficiente."
A opinião é compartilhada por David King, especialista em eleições e diretor do programa da Universidade Harvard para novos membros eleitos do Congresso dos EUA. "Esse resultado é um sonho que se tornou realidade para os democratas, porque sinaliza o quanto os republicanos estão divididos", avalia.
Ambos estimam que, ao lado da rejeição ao establishment político, as vitórias foram baseadas em percepções pessoais dos candidatos. Para o ex-pastor Huckabee, pesou o alto comparecimento do eleitorado evangélico; para Obama, o do eleitorado jovem e que vota em 2008 pela primeira vez. "As políticas de Obama na realidade são muito próximas às de [a senadora e ex-primeira-dama] Hillary Clinton. Votaram nele porque gostam de sua personalidade", diz Keyssar. "E há muita gente no Partido Democrata que não quer os Clinton de volta à Casa Branca."

New Hampshire
Apesar dos bons augúrios para Obama, Keyssar alerta: "Haverá um momento em que as pessoas vão começar a se perguntar se esse cara poderá mesmo vencer em novembro."
Para King, o futuro de Hillary poderá ser selado em New Hampshire. "Se os jovens forem em massa às primárias lá, Hillary deve perder para Obama de novo. E estará acabada", afirma. Mas ele aponta que a campanha da senadora por Nova York é muito bem organizada neste Estado, enquanto Obama preferiu apostar suas fichas em outros locais.
Se, como indicam as últimas pesquisas, Hillary vencer em New Hampshire, os dois democratas estarão em pé de igualdade para o próximo grande confronto, que segundo King será na Carolina do Sul.
Entre os republicanos, a aposta para New Hampshire é o experiente senador John McCain, cuja campanha vem recuperando prestígio. "McCain tem boas chances de ganhar a indicação. Nenhum republicano decolou até agora. As pessoas estão começando a olhar de novo para McCain, e ele parece competente e honesto", afirma Keyssar.
Mas os analistas lembram que a disputa ainda é incerta. "A mídia americana tende a superestimar os resultados de Iowa e New Hampshire", diz Keyssar. "Apesar de alto, o comparecimento não foi representativo nem mesmo de Iowa, quanto mais dos EUA."


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