São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Sarkozy cria sistema para avaliar o desempenho dos ministros

Grade de avaliação foi criada por consultoria empresarial americana; premiê chamará interessados e os advertirá em caso de descumprimento das metas

DA REDAÇÃO

A França implantou um sistema de avaliação do desempenho de seus 15 ministros, que em breve serão recebidos individualmente pelo premiê François Fillon, que lhes indicará a nota obtida e poderá repreendê-los ou substituí-los pelo não-cumprimento de metas.
A idéia foi exposta pela primeira vez por Nicolas Sarkozy em maio, pouco depois de sua posse como presidente. O assunto voltou a ser abordado por Fillon no conselho de ministros no início de novembro.
A construção da grade de avaliação foi entregue a uma empresa de estratégia empresarial, a Mars & Co, criada nos Estados Unidos em 1979 e que hoje reúne 250 consultores em seis escritórios espalhados pelo mundo, um deles em Paris.
O jornal "Le Monde" dá alguns exemplos sobre o funcionamento do sistema. O ministro da Educação será avaliado pela quantidade de horas extras que professores aceitaram trabalhar. É um indicador possível da melhoria da qualidade do ensino e da diferenciação de salários, premiando quem não se contentar com o limite de 35 horas semanais.
A ministra do Ensino Superior receberá boa avaliação se for grande o número de universidades que aceitem a autonomia de gestão financeira, prevista por uma lei de agosto.
O ministro da Imigração será julgado pelo número de estrangeiros irregulares que forem expulsos ou pelo número de estrangeiros regulares admitidos na França. No Ministério da Cultura, será prova de competência o aumento de visitantes a museus gratuitos e a bilheteria local dos filmes franceses.
Nas Relações Exteriores, o ministro será bem avaliado caso seus colegas compareçam a mais reuniões da União Européia em Bruxelas. A França ocupará no segundo semestre a presidência rotativa da UE.
Essa "cultura de resultados" pregada por Sarkozy também levará em conta o desempenho eleitoral dos ministros nas eleições municipais de março.
Muitos deles acumulam o cargo no governo com o de prefeito ou vereador, o que a lei eleitoral francesa permite. Isso expande o alcance de uma regra política não escrita, pela qual se demitem do ministério apenas os membros do gabinete que não se reelegem para a Assembléia Nacional (a Câmara dos Deputados).
O sistema de avaliação foi recebido com desdém pela oposição socialista. O deputado Pierre Moscovici o qualificou de "artefato perigoso" por supor que a avaliação do governo deixou de ser uma tarefa do Parlamento. Pierre Moscovici, eurodeputado do PS, disse que a avaliação é dada pelos eleitores, por meio de eleições.


Com agências internacionais


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