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Sarkozy cria sistema para avaliar o desempenho dos ministros
Grade de avaliação foi criada por consultoria empresarial americana; premiê chamará interessados e os advertirá em caso de descumprimento das metas
DA REDAÇÃO
A França implantou um sistema de avaliação do desempenho de seus 15 ministros, que
em breve serão recebidos individualmente pelo premiê François Fillon, que lhes indicará a
nota obtida e poderá repreendê-los ou substituí-los pelo
não-cumprimento de metas.
A idéia foi exposta pela primeira vez por Nicolas Sarkozy
em maio, pouco depois de sua
posse como presidente. O assunto voltou a ser abordado por
Fillon no conselho de ministros no início de novembro.
A construção da grade de
avaliação foi entregue a uma
empresa de estratégia empresarial, a Mars & Co, criada nos
Estados Unidos em 1979 e que
hoje reúne 250 consultores em
seis escritórios espalhados pelo
mundo, um deles em Paris.
O jornal "Le Monde" dá alguns exemplos sobre o funcionamento do sistema. O ministro da Educação será avaliado
pela quantidade de horas extras que professores aceitaram
trabalhar. É um indicador possível da melhoria da qualidade
do ensino e da diferenciação de
salários, premiando quem não
se contentar com o limite de 35
horas semanais.
A ministra do Ensino Superior receberá boa avaliação se
for grande o número de universidades que aceitem a autonomia de gestão financeira, prevista por uma lei de agosto.
O ministro da Imigração será
julgado pelo número de estrangeiros irregulares que forem
expulsos ou pelo número de estrangeiros regulares admitidos
na França. No Ministério da
Cultura, será prova de competência o aumento de visitantes
a museus gratuitos e a bilheteria local dos filmes franceses.
Nas Relações Exteriores, o
ministro será bem avaliado caso seus colegas compareçam a
mais reuniões da União Européia em Bruxelas. A França
ocupará no segundo semestre a
presidência rotativa da UE.
Essa "cultura de resultados"
pregada por Sarkozy também
levará em conta o desempenho
eleitoral dos ministros nas eleições municipais de março.
Muitos deles acumulam o
cargo no governo com o de prefeito ou vereador, o que a lei
eleitoral francesa permite. Isso
expande o alcance de uma regra
política não escrita, pela qual se
demitem do ministério apenas
os membros do gabinete que
não se reelegem para a Assembléia Nacional (a Câmara dos
Deputados).
O sistema de avaliação foi recebido com desdém pela oposição socialista. O deputado Pierre Moscovici o qualificou de
"artefato perigoso" por supor
que a avaliação do governo deixou de ser uma tarefa do Parlamento. Pierre Moscovici, eurodeputado do PS, disse que a
avaliação é dada pelos eleitores,
por meio de eleições.
Com agências internacionais
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