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DNA aponta que Emmanuel está em Bogotá
Segundo procurador-geral colombiano, exame mostra "probabilidade muito alta" de que suposto refém não esteja com Farc
Teste médico, que confirma tese de Uribe e significa derrota política para Chávez, terá contraprova realizada na Espanha
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Resultados preliminares de
exame de DNA revelam que o
menino de três anos localizado
em Bogotá é mesmo o filho da
assessora política Clara Rojas,
seqüestrada pelas Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia) em 2002, informou
ontem a Procuradoria Geral da
Colômbia.
Com isso, prevalece a tese do
presidente colombiano, Álvaro
Uribe, de que a guerrilha não
soltou na semana passada os
três reféns que prometera porque um deles -Emmanuel-
não estava em seu poder.
"O DNA mitocondrial de
Juan David tem uma total coincidência com o DNA de Clara
de Rojas [mãe da seqüestrada].
Foram estabelecidas coincidências com probabilidade de
verdade", disse o procurador-geral, Mario Iguarán, em Santa
Marta, no norte do país.
Segundo Iguarán, há "uma
probabilidade muito alta" de
que o garoto seja Emmanuel,
nascido em cativeiro, fruto de
um relacionamento entre Rojas e um de seus captores.
"A conclusão dos cientistas é
que há maior probabilidade de
que o menino pertença à família [Rojas] do que a qualquer
outra", disse o procurador, que
anunciou também a realização
de testes adicionais na Espanha
para ratificar o resultado.
Segundo informações coletadas pelo governo colombiano, o
garoto de três anos e meio registrado como Juan David Gómez Tapiero foi entregue à custódia do Estado em julho de
2005, em San José del Guaviare
(centro-sul), por um homem
que se dizia seu tio-avô.
A criança tinha sinais de
maus-tratos e uma saúde delicada: sofria de desnutrição, malária, diarréia e fratura no braço. Desde então, está sob a responsabilidade do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF).
No final do ano passado, o suposto tio-avô, José Crisanto
Gómez, tentou reavê-lo no
ICBF. Em depoimento nesta
semana, confessou que não tinha parentesco com a criança, a
qual seria "das Farc".
Para verificar a veracidade da
história, a avó materna de Emmanuel, Clara de Rojas, e Iván
Rojas, tio do menino, concordaram em ter seu DNA colhido
para exame e comparação com
o do garoto do ICBF.
Derrota
O resultado é mais uma derrota política para Hugo Chávez,
que organizou uma megaoperação nos últimos dias de 2007
para reaver os três reféns que
as Farc haviam prometido libertar em "ato de desagravo" ao
líder venezuelano.
Quando Uribe lançou a "hipótese" de que Emmanuel não
estava mais com as Farc, no último dia 31, Chávez acusou o
colombiano de "dinamitar" a
operação, ao criar uma "cortina
de fumaça". Disse ainda que tinha mais elementos para confiar na guerrilha do que no colega, endossando a tese das Farc
segundo a qual os reféns não
podiam ser entregues por causa
dos intensos ataques militares.
"Esperamos que não haja
mais atrasos e desculpas por
parte das Farc, que a doutora
Clara Rojas e a ex-congressista
Consuelo González de Perdomo [a outra refém que seria libertada] regressem imediatamente", disse o alto comissionado para a Paz do governo colombiano, Luis Carlos Restrepo, sobre o anúncio de libertação, feito em 18 de dezembro.
Ontem de manhã, quando já
circulava nos meios de comunicação colombianos o resultado
extra-oficial do exame, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, acusou Bogotá de impedir Caracas de realizar uma
comprovação paralela do teste
de DNA, lançando assim "dúvidas" sobre o resultado.
"Lamentavelmente, essa atitude do governo colombiano
lança um manto de dúvidas,
muito grave, sobre uma investigação que contou com a colaboração de nosso governo de maneira imediata, e nós esperávamos a mesma conduta, que não
houvesse obstáculo nem movimento obstrucionista por parte
do governo da Colômbia", disse
Maduro, em um programa da
TV estatal VTV.
Hugo Chávez não se pronunciou ontem sobre o caso.
Anteontem, porém, o presidente da Venezuela disse que já
colocou em marcha uma operação "clandestina" para que as
Farc entreguem os reféns. Em
reação, o governo colombiano
disse que não aceitaria uma
operação desse tipo, feita por
uma nação estrangeira, dentro
de seu território.
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