São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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Israel divide faixa de Gaza em duas partes

Em 24 horas de invasão, objetivo foi cercar capital e impedir que armas do sul conseguissem chegar ao norte do território

O serviço de segurança israelense diz que líderes do Hamas estão próximos de trégua após flexibilizarem exigências para cessar-fogo

France Presse/STR
Militares de Israel próximos a abrigos enquanto caem, na faixa de Gaza, mísseis disparados desde o lado israelense da fronteira

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SDEROT (ISRAEL)

Nas primeiras 24 horas de sua ofensiva terrestre contra o grupo fundamentalista Hamas, milhares de tropas israelenses avançaram ontem em direção às principais cidades da faixa de Gaza, estabelecendo um bloqueio que dividiu o território palestino em dois.
A incursão por terra, que teve início na noite de sábado, após oito dias de intensos bombardeios aéreos, provocou confrontos diretos que, segundo o Exército israelense, deixaram mais de 30 militantes palestinos mortos. Os choques também levaram à primeira morte de um soldado israelense.
Pelo menos outros 31 soldados israelenses ficaram feridos, a maioria atingida por estilhaços e trocas de tiros com membros do Hamas. Em notícias divulgadas em seu canal de TV, o grupo fundamentalista afirmou ter sequestrado dois soldados e matado pelo menos oito, o que foi desmentido pelos israelenses como uma "manobra de desinformação".
O Ministério da Saúde em Gaza contou 64 civis mortos na invasão israelense. Se confirmado, o número total de mortos do lado palestino chega a 512 desde o início da ofensiva, que hoje completa dez dias. Gaza reportou quatro milicianos mortos -o que, para o jornal israelense "Haaretz", pode estar relacionado à dificuldade de resgatar corpos de áreas de combates.
Durante todo o dia, a aviação e a Marinha israelenses continuaram a bombardear alvos em Gaza. Oficiais do Exército alertaram que a operação poderá durar semanas, mas que a intenção não é manter a ocupação do território, e sim neutralizar o poder de fogo do Hamas e estabelecer uma trégua de longo prazo.
Fontes médicas palestinas em Gaza informaram que cinco pessoas de uma família foram mortas quando um projétil israelense atingiu o carro em que estavam: uma mulher e seus quatro filhos, incluindo uma menina de 14 anos. O ataque teria ocorrido na região de Tafuach, onde ficava um antigo assentamento judaico, que Israel evacuou em 2005, quando se retirou de Gaza.

Divisão
De acordo com moradores de Gaza ouvidos pela Folha por telefone, os ataques israelenses se concentraram no norte e no leste da faixa de Gaza e incluíram a reocupação de áreas como os antigos assentamentos, que estariam servindo de base para o lançamento de foguetes.
Fontes militares israelenses e testemunhas disseram que tanques e blindados se posicionaram nos dois lados da cidade de Gaza, cortando o território em dois. À noite, a imprensa israelense informou que tropas do país também foram posicionadas entre Khan Younis e Gaza, no sul do território.
O objetivo das duas manobras seria evitar a movimentação de armas do sul, na fronteira com o Egito, onde estão os principais arsenais do Hamas, para o norte. Além de Gaza, a cidade de Beit Hanoun (norte) também foi cercada.
Os principais líderes do Hamas estariam próximos de pedir uma trégua, disse o chefe do Shin Bet (serviço de segurança interno). Yuval Diskin disse em reunião do gabinete ontem que o Hamas flexibilizou suas exigências para um cessar-fogo.
Mesmo com o aumento da pressão e o virtual estrangulamento das principais cidades de Gaza, os disparos contra Israel continuaram. Pelo menos 50 foguetes lançados de Gaza atingiram o sul de Israel. Um deles atingiu em cheio uma casa de Sderot, cidade a pouco mais de um quilômetro da fronteira que, nos últimos anos, virou o alvo preferencial dos foguetes.


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