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análise
Israelenses deixam meta em aberto
DO ENVIADO A SDEROT
Uma antiga máxima militar diz que é possível saber como uma guerra começa, mas não como ela
terminará. O inconclusivo
desfecho da guerra travada no Líbano há dois anos
parecia ter ensinado aos
israelenses os perigos de
uma ofensiva militar sem
objetivos realistas. Entretanto, após nove dias de
intensos ataques a alvos
do Hamas em Gaza, a pergunta permanece aberta:
quais as metas de Israel?
O governo e o Exército
afirmam que a ofensiva visa o fim dos foguetes lançados por extremistas
contra Israel. Mas não escondem que é quase impossível garantir o fim dos
disparos. Num dos primeiros dias da ofensiva, a Folha perguntou a Meir Shitrit, ministro do Interior,
como Israel consideraria a
operação um sucesso.
"Que parem os foguetes
e haja calma no sul do
país", respondeu, em visita a Sderot, uma das cidades mais alvejadas. Então
a ofensiva só vai terminar
quando não houver mais
nenhum disparo? "O objetivo não é zero míssil, mas
zero motivação do Hamas
para lançá-los."
O assunto voltou a ser
abordado dois dias depois
pela chanceler Tzipi Livni,
uma das comandantes da
ação ao lado do premiê
Ehud Olmert e do ministro da Defesa Ehud Barak.
"Já atingimos a capacidade do Hamas de lançar foguetes", disse ela.
"Resta saber se atingimos o desejo do Hamas
em dispará-los."
Expectativas
Diante de objetivos tão
fluidos e difíceis de avaliar,
tornou-se quase inevitável
especular que a maior
ofensiva israelense em décadas tem uma ambição
bem maior que a declarada: derrubar o Hamas do
poder em Gaza.
Sabendo que ações militares não bastam para depor regimes -uma manobra que exigiria uma indesejável e custosa reocupação da faixa de Gaza-, Israel baixou as expectativas. Publicamente, reduz
suas ambições. Às vezes,
contudo, desejos ocultos
são expostos.
"O objetivo da operação
é acabar com o Hamas",
disse, no sábado, o ministro da Indústria Ely Ishai,
pouco após o início da incursão terrestre.
O temor dos que defendem metas maximalistas é
que uma trégua com o Hamas no poder terá um sabor amargo de empate,
dando aos fundamentalistas a legitimidade política
que Israel queria eliminar.
Para Yossi Alpher, ex-oficial do Mossad (serviço
de inteligência), a operação terrestre aumentou
perigosamente a aposta,
pois é difícil levar ao fim
do regime do Hamas. "Poderíamos ter terminado
com isso ontem [sábado] e
declarado vitória", disse
ao "Independent". "Teria
sido uma vitória controvertida e incompleta, mas
não uma derrota."
(MN)
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